21.5.2017

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Quando, convidado a listar os “livros que mudaram a sua vida”, o sujeito responde com clássicos do porte de Dante, Homero e Shakespeare, ele pode impressionar uma platéia que ignore até mesmo essas autores, mas dá, com isso, a mais decisiva prova de incultura que se poderia exigir.
Clássicos antigos, medievais e renascentistas existem para FORMAR a mente enquanto é jovem, não para “mudá-la” depois de adulta.
Mudança é encontro com algo novo, inédito, inesperado.
O homem que aos quarenta ou cinquenta anos é “mudado” por um livro que teria a obrigação de haver lido aos quinze ou vinte só prova que não teve formação nenhuma.
É como alguém que, no ano de 2017, descobre que Hitler invadiu a França.

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Usando a palavra em sentido impreciso: um homem de cultura só pode ser “mudado” por um clássico quando, relendo-o, descobre nele algo que passara despercebido aos estudiosos anteriores. Mas nesse caso não foi o livro que o mudou, foi ele que mudou a compreendão do livro.

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Muitos livros formaram a minha mente, e já mencionei centenas deles nas minhas aulas, mas só um “mudou a minha vida”. Foi “La Vie Intellectuelle” do P. Sertillanges. Não porque me ensinasse algo de muito inédito, mas porque me mostrou um dever a cumprir, e esse dever se tornou a minha vida.

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Desde a adolescência eu já sofria com a vulgaridade e indolência mental do ambiente brasileiro, fenômeno que foi se tornando mais deprimente com o passar do tempo. Foi o livro do P. Sertillanges que me mostrou que eu poderia fazer alguma coisa contra isso em vez de ficar só choramingando.

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Isso mostra que tomo a expressão “livro que mudou a minha vida” em sentido literal, material e sério e não apenas como exibição de gostosura, como é moda hoje em dia.

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A esta altura, meus alunos já devem ter compreendido que o reinado da estupidez esquerdista nunca foi “o” problema, mas apenas a forma temporária e particularmente grave que a indolência cultural brasileira assumiu durante quatro ou cinco décadas. Digo “particularmente grave” porque deliberada, organizada e dispendiosíssima.

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Seria uma ilusão fatal imaginar que a desmoralização do esquerdismo, mesmo que fosse completa (que não é), já representa a salvação ou começo de salvação da cultura nacional. Ao contrário. Abalada a hegemonia cultural da esquerda, o antipetismo se tornou tão fácil e convidativo que atraiu as ambições de centenas de idiotas e picaretas — pessoas que não podem levantar a cultura de um país porque não têm força nem mesmo para levantar suas próprias pirocas intelectuais.

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O PIRULA DA DIREITA. Agora apareceu um tal de Luiz Camargo, que, após os salamaleques de praxe (“aprendi muito com o Olavo”etc. e tal), se mete a corrigir o que lhe parece ser algum detalhezinho errado nas minhas opiniões, mostrando assim a sua imensa superioridade intelectual. No caso, o detalhe é que me referi à Santíssima Virgem como descendente de Davi, quando, segundo o distinto, TODO MUNDO SABE que a genealogia davídica é de José, e não dela.
Infelizmente, a Catholic Encyclopedia diz:
“As if to exclude all doubt concerning the Davidic descent of Mary, the Evangelist (Luke 1:32, 69) states that the child born of Mary without the intervention of man shall be given “the throne of David His father”, and that the Lord God has “raised up a horn of salvation to us in the house of David his servant”. [21] St. Paul too testifies that Jesus Christ “was made to him [God] of the seed of David, according to the flesh” (Romans 1:3). If Mary were not of Davidic descent, her Son conceived by the Holy Ghost could not be said to be “of the seed of David”. Hence commentators tell us that in the text “in the sixth month the angel Gabriel was sent from God. . .to a virgin espoused to a man whose name was Joseph, of the house of David” (Luke 1:26-27); the last clause “of the house of David” does not refer to Joseph, but to the virgin who is the principal person in the narrative; thus we have a direct inspired testimony to Mary’s Davidic descent. [22] ‘

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O rito de passagem para virar INTELEQUITUAU neste país é corrigir — e corrigir errado, obrigatoriamente — alguma vírgula nas opiniões do Olavo de Carvalho e em seguida cagar inumeráveis regras naquele tom triunfal de “Mãe ói eu”.

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Na maioria dos casos, a afirmação “Aprendi muito com o Olavo”, usada como salvo-conduto para deixar subentendido “Mas já o superei”, significa exatamente: “Não aprendi porra nenhuma com o Olavo nem com ninguém”.

Xavier Gil Adoro esta: “Admiro o Olavo, mas só retenho o que é bom.”
Olavo de Carvalho Retenção anal de piroca.

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http://medicinaefilosofia.blogspot.com.br/2017/05/i-seminario-capixaba-de-filosofia-secafi.html

Hélio Angotti Neto A música que deveria ter tocado durante a aula sobre o Jardim das Aflições! https://www.youtube.com/watch?v=F5zg_af9b8c

Hélio Angotti Neto

Acontecendo agora. Mesa sobre política e filosofia. Silvio Grimaldo, Filipe G. Martins e Helvécio Júnior.

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Filosofia Política de verdade…

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Vitor Mathees Souza adicionou 3 novas fotos — com Hélio Angotti Neto e outras 3 pessoas.

Seminário Capixaba provou que veio pra ficar.

Que venha o de 2018.

Enquanto tiver saúde e disposição, registrarei sempre a minha presença.

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Aluisio Souza participando de I Seminário Capixaba de Filosofia (SECAFI) com Hélio Angotti Neto em America Centro Empresarial.

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Se alguém chamar isto de “doutrinação”, EU MATO:

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Brasileiro, quando nasce, já leva no berçário uma dose de xilocaína no cuzinho e está pronto para a vida.

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Mudando de assunto. Se Napoleão, em vez de avançar até Moscou, tivesse apenas ocupado as terras produtivas da Rússia e se dedicado a explorá-las, o tzar JAMAIS conseguiria retomá-las.

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Como se pode ver pelo Seminário Capixaba, os alunos do Olavo não passam de um bando de jovens iletrados, vítimas de lavagem cerebral, escravos do guru astrólogo. Tão diferentes dos cultíssimos seguidores do Leandro Espiritual.

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Será que agora entendem — tarde demais — que o inimigo do Brasil não é só o petismo, mas o estamento burocrático inteiro?

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E será que entendem que no fundo do estamento burocrático está o filisteísmo, o desprezo pelo espírito, que é a fé única e suprema das nossas classes dominantes?

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E será que entendem que o comunopriapismo das nossas universidades nunca poderá fazer nada contra o filisteísmo, só reforçá-lo?

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Não haverá uma política decente no Brasil antes de (re)constituída uma intelectualidade de alto nível capaz de fiscalizar com severidade o discurso político.

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O reinado do pseudo-intelectual universitário ambicioso e sem escrúpulos não parece, mas É um flagelo pior do que toda a corrupção federal, a qual jamais teria vindo a existir sem ele. Quem prepara a classe política, senão as universidades?

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Da página do Ricardo da Costa:

A BELEZA DO ÓBVIO FACE OS RESSENTIDOS E IMBECIS

Livros nas prateleiras de uma biblioteca privada são pérolas à espera do ímpeto/agonia de Zurga, pescador de pérolas de Bizet. Não há prazer maior do que colhê-las, em casa, nem maior angústia do que saber que o tempo nunca será suficiente para apreciá-las. Esse prazer/angústia cresce quando adquirimos um novo livro e ele passa à frente da ordem de leitura mentalmente criada.

Pois, ontem, graças ao amigo Hélio Angotti Neto, adquiri, finalmente, “O Jardim das Aflições”, do filósofo Olavo de Carvalho. Há pouco terminei seu Livro I. Parei para meditá-lo. Confesso minha estupefação. Com a belíssima forma, mescla algo heteróclita de meditação/crônica/ensaio, associada à uma narrativa envolvente e crítica, polida e mordaz, ácida e cortês (agora entendi a intenção subreptícia da coleção “Os Pensadores”! E a nota/síntese sobre a Inquisição?). Parei uma tarde de ler Quintiliano, Herênio e Llull, Olavo de Carvalho. Culpa sua!

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A culpa de tudo é do povão trabalhador e pagador de impostos. Quem mandou ter cu?

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Não adianta chorar sobre o leite derramado, mas agora, finalmente, terá ficado claro aos olhos de todos por que, em vez do impeachment da Dilma, era absolutamente necessário exigir a anulação total das eleições de 2014 e a prisão dos membros do TSE?
Em março de 2015, o povo tinha força para isso. Bastava organizá-lo e dirigir suas energias para o alvo certo.
A elite estava atordoada e amedrontada. Os Arruinaldos, Kims e demais impeachmentistas deram-lhe tempo de refazer-se e dispersar o povo.
Foram, nisso, ajudados pelos seus adversários “intervencionistas”, que preferiam tudo esperar dos militares em vez de organizar o povo para a ação direta.
A política do Brasil nos últimos anos tornou-se, para usar a expressão do Carlos Drummond de Andrade, “um vácuo atormentado, um sistema de erros”.

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Sempre que soube o que era preciso — e possível — fazer, eu o disse. Agora já não sei mais. Se voltar a saber, avisarei, mas sem a menor esperança de ser ouvido

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Aécio Neves e Michel Temer, convocados pela História a tornar-se heróis nacionais, preferiram conservar a amizade dos cocôs. .

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Quando encontrar um militar, avise-o de que a nação, a conselho médico, não pode aguentar mais uma dose de cu-doce.

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Já observei que na literatura nacional só se encontram personagens “irônicos”, no sentido da escala Aristóteles-Frye, isto é, coitadinhos que estão sempre abaixo da situação e se deixam arrastar ou corromper por ela sem nem ter consciência clara do que está acontecendo.
Se vocês se lembram da máxima de Hugo von Hofmannsthal, “Nada está na política de um país que primeiro não esteja na sua literatura”, terão aí um bom estímulo para meditar sobre as raízes culturais da pequenez moral generalizada.

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Se bem me lembro, foi Michel de Montaigne quem disse que entre o homem culto e o inculto há mais diferença do que entre um homem e um ganso.

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Ah, já sei, aparecerá alguém com a história das pessoas simplezinhas repletas de sabedoria. Confesso que no Brasil jamais vi uma pessoa simplezinha, muito menos simplezinha e sábia. Quando mais inculto o cidadão, mais metido e palpiteiro.

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Cá entre nós, o único sujeito simplezinho que conheci no Brasil fui eu mesmo. Nunca fui nada além de um zé-mané que estudou. Não tenho nem diproma.

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