24.10.2017

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Não acredito e provavelmente morrerei sem acreditar que o uso literário de palavrões vá ser-me imputado como um pecado no Juízo Final. Não pretendo decifrar a mente de Deus, mas, sendo verdade que Ele “sonda os rins e corações”, é IMPOSSÍVEL que avalie os nossos escritos por algum código convencional de bom-tom lingüístico vigente em tal ou qual sociedade e época, em vez de julgá-los pelo efeito profundo e duradouro que deliberadamente, e com acerto, exerceram sobre seus leitores.

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“Pelos frutos os conhecereis” e não “Pela linguagem polida os conhecereis”.

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JAMAIS usei palavrões da língua portuguesa com sérias intenções de amaldiçoar ou estigmatizar. Ao contrário, frequentemente os uso para NÃO ter de dizer algo mortalmente sério. O efeito humoristico que eles inevitavelmente produzem atenua tudo. Quando quero dizer algo francamente ofensivo, como no caso dos adeptos da exibição de cenas de zoofilia a crianças, uso a linguagem mais elevada que posso encontrar.

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Não temos aqui um dia de sossego, livres de ataques de uma baixeza sem par. Hoje a Roxane e a Leilah receberam uma mensagem insolente assinada “Negão de Pica Grande. 502 W Valley Boulevard, San Gabriel, California 91776”.

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A baixeza e a sordidez de certos personagens ultrapassm a imaginação do cidadão comum.
João Ricardo Moderno, presidente eterno de um treco chamado “Academia Brasileira de Filosofia”, teve um acesso de cagaço ante a reação da esquerda intelectual ao “Imbecil Coletivo”, publicado por aquela entidade em parceria com a Faculdade da Cidade, e logo se apressou em publicar um aviso de que a Academia nada tivera a ver com a edição. Não tive alternativa senão desmascarar o embusteiro, publicando as notas fiscais da impressão do livro, em nome da Academia, e as fotos do personagem batendo palminhas no lançamento da obra.
Pego de calças na mão, o engraçadinho enfiou a viola no saco e manteve compreensível silêncio durante vinte e um anos.
Agora descobriu a oportunidade de uma vingancinha. Convidou a minha filha Heloísa — uma sumidade em vários campos do conhecimento, como se sabe — para ir ao Rio assistir, na Academia, a um seminário sobre “violência contra menores”. Com certeza fez isso inspirado na denúncia, já desmascarada pelas próprias vitimas, de que fiz a meus outros filhos uma ameaça à mão armada.

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Pela primeira vez me fazem uma acusação digna de crédito. Um sujeito, na página da Heloísa, está me acusando de ser (sic) “a favor da zoofilia entre animais”.
Confesso: sou mesmo. Por que impedir os bichinhos de transar entre si?
Já tive até — contei o episódio aqui, tempos atrás — uma cachorra Dachshund que mantinha um obsceno relacionamento erótico com uma gata.

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A tal “Academia” é uma entidade irrelevante e obscura, que em 1996 a Faculdade da Cidade abrigava em suas instalações e ainda sustentava com verbas. A Faculdade teve a idéia da co-edição do “Imbecil” justamente para dar um estímulo à Academia, a qual andava às moscas (anda até hoje) e, em razão da atitude obscena do João Ricardo Moderno, foi expulsa do prédio da Faculdade.

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Os organizadores e palestrantes do seminário “Educação: crimes contra menores” não têm NENHUMA culpa por nada que o abjeto João Ricardo Moderno tenha feito ali ou fora dali. O seminário estava marcado para o Colégio Pedro II, cujo reitor, na hora H, proibiu o evento, por motivos ideológicos (sim, essa gente é sempre “contra a censura”, não é mesmo?) e os organizadores tiveram de encontrar outro local, às pressas, tendo a infelicidade de cair na tal “Academia”. O Moderno, arrogante e besta como ele só, interrompeu a fala do Miguel Nagib e ainda se meteu a criticar a do Carlos Jordy mediante a alegação — vejam só — de que a Escola de Frankfurt não tem nada a ver com marxismo cultural, o que é o mesmo que dizer que merda jamais sai pelo cu.

https://www.facebook.com/carlosjordyoficial/videos/869315096577603/?hc_location=ufi

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Como a historinha da ameaça a mão armada não colou, exceto na revista Éporca (que ninguém mais lê), foi logo substituída pela de outro crime: sequestro.
O sequestro, até onde sei, consistiu no seguinte. A mãe da Inês e do Percival os entregou na minha casa e eu, de proposito, retardei a devolução deles para acabar com aquela situação provisória e forçar uma solução judicial da questão da guarda das crianças, o que de fato acabou acontecendo logo depois, pondo fim ao problema sem nenhum desdouro, seja para a mim, seja para a mãe.
Se tivesse havido um crime de seqüestro, ou ao menos alguma denúncia nesse sentido, por mais remota que fosse, o juiz da Vara de Família teria encaminhado o caso à Justiça Penal, o que ele não fez, talvez, por lhe faltarem então as luzes de uma bacharelzinha semi-analfabeta e mitômana, que só vieram a brilhar sobre o episódio após decorridos trinta anos.

P. S. Faltaram-lhe também as luzes do João Ricardo Eterno.

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Não foi macumba minha. A coisa vai acabar porque é ruim mesmo:

https://www.wscom.com.br/noticias/economia/revista+epoca+vai+ser+so+digital+em+2018+diz+site-225010

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Acabo de receber um depoimento do meu filho Percival, um dos sequestrados. Com muita exatidão, ele observa que não podia haver sequestro, entre outros motivos, porque a guarda das crianças, na época, ainda não tinha sido decidida pela Justiça em favor de nenhum dos dois genitores.

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Desculpem encher o saco de vocês com essas histórias, mas o registro dos episódios é importante para mim. Afinal, o Facebook é o meu Diário.

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Na revista Éporca, a matéria da Flávia Putavírus não foi um canto de cisne. Foi a última cagada do urubu.

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By the way, achei muito justo que no fim das contas a guarda das crianças ficasse com a mãe, porque a família dela tinha uma boa escola e a casa dela era mais confortável do que a minha. Bem está o que bem acaba.

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De vez em quando me lembro, com ternura, da minha avó Elisa, Alma Elisa Schneider, que sofreu a vida inteira sem nunca soltar um gemido, uma reclamação, um resmungo. Alemãzinha criada no Uruguai, ela falava numa mistura de três idiomas que eu e eu irmão achávamos uma graça. À noite ela me contava histórias de caçadas do seu falecido marido, e a parte que mais me encantava eram os cuidados com a criação de quarenta cães perdigueiros.

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Quantas vítimas de crimes supostamente cometidos por mim ainda terão de vir a público informar que não foram vítimas de nada, que não houve crime nenhum?

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Que pode haver de mais cansativo do que enfrentar, dia após dia, um monstro constituído só de uma pluralidade de bocas, sem cara nem corpo, uma espécie de ausência ubíqua, um nada que rosna e se esconde?

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À pobreza da filosofia nacional corresponde, simetricamente, a miséria da cultura filosófica das nossas elites falantes, especialmente a classe jornalística. É impossível encontrar, aí, alguém quem entenda o óbvio dos óbvios: que não se pode entender nada das idéias de um filósofo partindo de opiniões que ele emitiu sobre a situação política do dia e sem situá-lo, antes, no quadro maior das correntes fundamentais da história do pensamento. Sem esta precaução elementar, será impossível discernir se determinadas atitudes dele são decorrências essenciais das suas convicções filosóficas profundas ou meras reações de momento a circunstâncias externas. Por exemplo, Maurice Merleau-Ponty defendeu, numa certa etapa da sua vida, o terrorismo de Estado soviético, mas a influência do marxismo na sua filosofia é mínima e desprezível. O mesmo ocorreu com Ludwig Wittgenstein, um fã do regime soviético cujo pensamento distava léguas de todo marxismo imaginável. Mutatis mutandis, Theodor Adorno e Max Horkheimer tinham uma visão muito crítica da ditadura soviética, sem deixar de ser, no essencial, herdeiros intelectuais e continuadores do marxismo — coisa que uma besta quadrada como o João Ricardo Eterno jamais compreenderá.
No artigo aliás correto e decente que escreveu sobre o filme “O Jardim das Aflições”, Ruth Aquino resume assim o meu perfil intelectual: “Olavo de Carvalho é um provocador, um polemista, a favor da ‘democracia plebiscitária'”.
São detalhes folclóricos que nada dizem sobre quem sou eu e o que penso. O fato de, ante uma conjuntura política definida, um filósofo sugerir uma “democracia pleblscitária” não significa que, doutrinariamente, ele seja um adepto desse regime de preferência a qualquer outro; não significa nem mesmo que ele tenha preferência por ALGUM regime, do mesmo modo que, se ele salta de um carro sem freio que despenca por uma ladeira, isso não significa que seja um adepto ou cultor dessa acrobacia.
Na nossa classe jornalística inteira não se encontra um só cérebro capaz de apreender as linhas mestras da minha filosofia (nem mesmo da minha filosofia política) e situar nelas as minhas opiniões sobre este ou aquele fato da semana — donde resulta que estas acabam virando um “Ersatz” de perfil filosófico da minha pessoa.

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Já nem falo daqueles que, lendo uma lista das “influências recebidas” que ao longo dos tempos foram formando o meu pensamento, imaginam que este seja um amálgama atual e presente dessas influências, sem conseguir ou querer fazer nem mesmo a distinção elementar entre o que se conservou intacto, o que foi modificado e o que foi dissolvido num quadro maior.
Mas aí já entramos na concepção veadasca da história das idéias, a qual está para a história das idéias como os cus estão para as bocas.

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Veadascos, Zambostas e tutti quanti procuram e cultuam o descrédito com volúpia indescritível, como quem vai a um clube de sadomasoquismo em busca do orgasmo das chicotadas.

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When evil triumphed: The 100th anniversary of Russia’s October Revolution

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