Analfabetos funcionais aparentando zelo erudito por detalhes histórico-filológicos são o que pode haver de mais característico da teratologia cultural brasileira no momento. Digo que ninguém leu Aristótes na Europa antes do século XIII e o idiota responde que Averróes leu no século X. Sim, leu. Leu em árabe numa nação muçulmana inteiramente à margem da civilização européia. Em nenhum país civilizado essa discussão surgiria, porque ali todo garoto de escola entende desde logo que em história cultural se fala de áreas culturais e não de mera geografia física. SÓ um analfabeto funcional pode confundir essas duas coisas e ainda querer bancar o erudito com base nessa confusão.
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Praticamente todos os construtores da nacionalidade brasileira viveram longo tempo no exterior — a começar pelo fundador do país, José Bonifácio de Andrada e Silva. Por que tantos fesquinhos querem discutir a minha presença nos EUA?
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Suponham que todos os seres humanos aderissem ao “direito dos animais” e parassem de comer carne. Teriam de escolher: ou continuar caçando e pescando para alimentar seus cães e gatos, mais os leões e onças dos zoológicos, ou condenar todos esses bichos à morte por inanição.
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Por qualquer caminho lógico que se examine, vegetarianismo e veganismo terminariam numa matança de animais como jamais se viu no mundo — e não para comê-los, mas só para livrar-se deles.
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Se decidíssimos comer só vegetais, os bichos herbívoros se multiplicariam de tal modo que comeriam todos os vegetais antes de nós.