Notas 2014 Parte I

(Estas notas estão reunidas em ordem, sem data exata.
em breve vou colocar no formato usual. )

1. Não existe boa intenção sem amor à verdade. A ilusão de boas intenções é uma das formas mais pérfidas de maldade. É a ternura do diabo.

2. Quando entrei no mundo das polêmicas jornalísticas, tinha 49 anos e era autor de dois livros festejados pelos maiores intelectuais do Brasil. Não entrei com a ingenuidade de quem espera compreensão ou “debate democrático”. Sabia que só ia encontrar vigaristas pelo caminho. Mas hoje eles são MUITO mais vigaristas. Thomas Giulliano Ferreira Dos Santos Pare de descrever seus infortúnios. Quando falar deles, faça-o com bom humor. Ou então esconda-os. Tom de vítima só é bom para caçadores de verbas públicas.

3. Para entrar em confronto com esquerdistas, nazistas e toda sorte de fanáticos, é preciso MUITA destreza verbal para não dar o flanco a que interpretações maliciosas se transmutem em acusações criminais, como fizeram com a Rachel Scheherazade. Enquanto estão apenas espalhando distorções pela internet, tudo bem, mas quanto mais uma vítima despreparada argumenta, mais suas palavras podem assumir, com um pouco de safadeza da parte do interlocutor, o ar de verdadeiros crimes, e aí aquele que está cometendo um delito contra você se torna o queixoso e você o réu. Nunca recomendei que meus alunos se envolvessem em polêmicas, embora reconheça que alguns o fizeram com sucesso. Só a mais estrita precisão verbal garante que interpretações maliciosas serão facilmente desmascaradas. O polemista impreciso cairá numa rede de malentendidos sem nem compreender o que se passou. Dou-lhes um exemplo triste. Um polemista evangélico recebeu um aviso do Paypal de que essa empresa não aceitava contas de entidades religiosas não registradas. Em vez de responder “Não sou uma entidade religiosa, sou um jornalista autônomo”, o infeliz enviou ao Paypal um sermão sobre liberdade religiosa. Resultado: o Paypal fechou-lhe a conta. Polêmicas não são um esporte. Nelas o que vale não é competir. É vencer ou não competir de maneira alguma. Escreva dois ou três livros bons, depois entre em polêmicas. Depois.

4. O sr. Carlos Velasco, menino de recados do Lyndon LaRouche (aquele que escreveu que eu sou um globalista), acredita que o Barack Obama é pró-sionista, já que recebe dinheiro do George Soros e baixa a crista ante o Rahm Emmanuel, que é filho de um agente do Mossad. Será preciso responder a uma cretinice dessas? O idiota parece nem ter uma idéia de para onde flui o dinheiro do Soros, e muito menos saber que a conexão do Obama com o Emmanuel não nasce de nenhum amor a Israel, porém do amor (ou chame-o como quiser) que sentem um pelo outro.

5. Hoje esta página esteve bloqueada por algumas horas porque algum engraçadinho tentou acessá-la, apossando-se da minha senha, usando um IP registrado numa cidade da Índia. Repito o que já anotei aqui ontem:

6. Não existindo um partido de direita, nem qualquer força política de direita organizada, nem muito menos poderes financeiros sustentando uma militância de direita, só resta à esquerda voltar suas baterias contra indivíduos, cidadãos isolados e sem qualquer respaldo político ou econômico — jornalistas, escritores, blogueiros — e atacá-los com a fúria e o desespero de quem defendesse a própria vida contra uma invasão imperialista ou um golpe militar. A quantidade de pavor imaginário que esses indivíduos despertam nas hostes esquerdistas — bem como em pequenos grupos de extrema direita empenhados em mostrar serviço –, o volume dos recursos que se mobilizam para assassinar suas reputações, a obstinação devota que se consagra à criação de toda sorte de invencionices, calúnias e chacotas de mau gosto contra eles, constituem sem dúvida o capítulo mais abjeto da história da covardia universal — algo que não se poderia passar, talvez, em nenhum outro país do mundo, e que as gerações futuras chegarão a duvidar de que possa ter acontecido. Completa o quadro, com um toque de grotesco incomparável, a omissão das Forças Armadas, dos generais, almirantes e brigadeiros que continuam batendo no peito e se pavoneando de glórias passadas, ao mesmo tempo que contemplam passivamente, felizes de não sofrer um só arranhão, o massacre daqueles homens e mulheres desarmados e sem meios de ação que ocupam a linha de frente em seu lugar.

7. Nos EUA setenta por cento dos judeus votaram (duas vezes) em Barack Hussein Obama, inimigo do Estado de Israel. Eis a prova de que todos conspiram para Israel dominar o mundo.

8. Alguém dizer que não é anti-semita, apenas anti-sionista, é como dizer que não é contra um sujeito existir, apenas contra ele ocupar um lugar no espaço.

9. Nas discussões referentes a socialismo, abortismo, fundamentalismo, moralidade, nazismo, gayzismo, golpe de 64, imperialismo, sionismo e praticamente tudo o mais, todas as questões se tornariam mais claras se não prevalecesse, na conduta dos debatedores, a regra geral que assim formulei: O IDIOTA NÃO JULGA COMPARATIVAMENTE: MEDE TUDO NA ESCALA ABSOLUTA DA SATISFAÇÃO QUE ESPERA.

10. Por que é inútil discutir com um anti-semita. O sujeito vem com uma lista de links e livros que provam que o movimento comunista esteve sempre repleto de judeus, e conclui: “Está vendo? O comunismo é um movimento judaico.” Aí você mostra a ele uma lista igual ou maior de links e livros que mostram que o movimento ANTICOMUNISTA esteve sempre repleto de judeus. Sabe a conclusão que ele tira? “Está vendo? Eles jogam dos dois lados, eles estão em toda parte, eles dominam tudo.”

11. Uma vez pensei em escrever um livro sob o título “Ensaios Fesceninos”, em que os mais complexos problemas da filosofia e da cultura seriam abordados na linguagem mais obscena que se pudesse imaginar. Alguns dos capítulos planejados eram: 1 – Ascensão e queda do pênis 2 – A arte de cagar 3 – A nação dos punheteiros 4 – Fascista é o cu da mãe 5 – Por que ainda não nos fodemos? Infelizmente não tive tempo ainda de compor essa obra magna.

12. Quando leio, por exemplo, Alphonsus de Guimaraens Filho, penso comigo: “Este é um poeta perfeito, sem mácula.” Para um poeta ser perfeito, digno da nossa admiração irrestrita, basta que tenha escrito vinte poemas perfeitos, ainda que todos os demais sejam capengas ou ruins. Mas no Brasil uma linha defeituosa já basta para o leitor fazer cara de nojinho e pontificar: “Tenho minhas restrições.” LXXV Como se moço e não bem velho eu fosse Uma nova ilusão veio animar-me. Na minh’alma floriu um novo carme, O meu ser para o céu alcandorou-se. Ouvi gritos em mim como um alarme. E o meu olhar, outrora suave e doce, Nas ânsias de escalar o azul, tornou-se Todo em raios que vinham desolar-me. Vi-me no cimo eterno da montanha, Tentando unir ao peito a luz dos círios Que brilhavam na paz da noite estranha. Acordei do áureo sonho em sobressalto: Do céu tombei aos caos dos meus martírios, Sem saber para que subi tão alto… Alphonsus de Guimarães

13. Não existindo um partido de direita, nem qualquer força política de direita organizada, nem muito menos poderes financeiros sustentando uma militância de direita, só resta à esquerda voltar suas baterias contra indivíduos, cidadãos isolados e sem qualquer respaldo político ou econômico — jornalistas, escritores, blogueiros — e atacá-los com a fúria e o desespero de quem defendesse a própria vida contra uma invasão imperialista ou um golpe militar. A quantidade de pavor imaginário que esses indivíduos despertam nas hostes esquerdistas — bem como em pequenos grupos de extrema direita empenhados em mostrar serviço –, o volume dos recursos que se mobilizam para assassinar suas reputações, a obstinação devota que se consagra à criação de toda sorte de invencionices, calúnias e chacotas de mau gosto contra eles, constituem sem dúvida o capítulo mais abjeto da história da covardia universal — algo que não se poderia passar, talvez, em nenhum outro país do mundo, e que as gerações futuras chegarão a duvidar de que possa ter acontecido. Completa o quadro, com um toque de grotesco incomparável, a omissão das Forças Armadas, dos generais, almirantes e brigadeiros que continuam batendo no peito e se pavoneando de glórias passadas, ao mesmo tempo que contemplam passivamente, felizes de não sofrer um só arranhão, o massacre daqueles homens e mulheres desarmados e sem meios de ação que ocupam a linha de frente em seu lugar.

14. A quantidade, a variedade e a inventividade das intrigas caluniosas, mensagens forjadas e perfis falsos que circulam a meu respeito na internet já ultrapassaram não apenas a minha capacidade de responder caso a caso, mas até a minha possibilidade de ler todo esse material, mesmo que dedicasse a isso todo o meu tempo disponível. É evidente que está em curso uma operação organizada de “assassinato de reputação”, cuja principal vítima, no fim das contas, serão os seus próprios autores, mesmo que eu não mova uma palha contra eles.

15. O dr. Amit Goswami diz que os filósofos e cientistas têm enfocado a natureza desde quatro perspectivas filosóficas diferentes: 1) O realismo materialista, segundo o qual os objetos têm existência independente dos sujeitos e obedecem a leis próprias, das quais a consciência não é senão um epifenômeno. 2) O monismo idealista, segundo o qual a consciência é a realidade primária. 3) O dualismo, segundo o qual matéria e consciência são substâncias distintas. 4) O positivismo lógico, segundo o qual não existe propriamente uma “realidade” devemos estudar as aparências fenomênicas sem nenhum pressuposto “metafísico”. Quem leu o meu texto “Consciência e forma” deve ter percebido que cada uma dessas perspectivas é insatisfatória.

16. A informação de que comunistas comem criancinhas era exata; só errou ao omitir que não era por via oral.

17. Se os meus inimigos desejam me deprimir e humilhar, devem saber que sempre o conseguem, mas não pelos motivos que imaginam. Não há NADA mais deprimente e humilhante para um autor do que ver a sua obra discutida por pessoas totalmente ineptas e desqualificadas, incapazes de entender qualquer sentença que leiam.

18. O sr. Hélio Pimentel é manifestamente incapaz de perceber a diferença entre o conceito universal de um ser necessário e o nome de um ente contingente qualquer. O conceito de “ser necessário” postula por si mesmo a existência, cabendo portanto, como contraditória do juízo modal que afirma a sua necessidade, seja negar o modo, seja negar a validade do conceito mesmo; e o juízo “o ser necessário não existe necessariamente” tem inevitavelmente esse duplo sentido. Do mesmo modo, “a = a” afirma simultaneamente, seja a identidade de dois signos abstratos, seja a dos entes que eles designam, mas, quando dizemos “a ≠ a”, é impossível discernir de imediato, da simples formulação da sentença, se estamos afirmando a existência de uma autocontradição no próprio ente designado por “a” ou, ao contrário, uma simples denominação equívoca que nomeia com um mesmo signo dois entes diversos. Por isso é que digo que os juízos auto-evidentes não têm uma contraditória unívoca. Para contestá-lo, o sr. Pimentel cria o juízo “Papai Noel existe necessariamente” e diz que pode ter duas contraditórias: “A existência de Papai Noel não é necessária” e “Papai Noel necessariamente inexiste”. Donde ele conclui, com ares triunfantes, que meu método leva à conclusão de que Papai Noel existe. Há obviedades que não deveria ser necessário explicar, que deveriam ser apreendidas intuitivamente, num relance, por uma espécie de instinto lógico que todos os seres humanos têm. A tragédia do analfabetismo funcional é justamente que ele bloqueia esse instinto e coloca em seu lugar o automatismo das combinações verbais postiças que, aos olhos do seu inventor, têm a força probante de verdadeiras demonstrações lógicas, quando na verdade só provam uma completa incapacidade de raciocinar. Num primeiro instante, uma dessas combinações pode confundir momentaneamente o ouvinte desprevenido, que antevê nelas algo de errado mas nem sempre sabe dizer de imediato onde o erro está. Neste caso, é preciso decompor o juízo imbecil nos seus elementos para que a imbecilidade apareça, com todo o seu esplendor, à plena luz do dia. É por isso que digo que discutir com imbecis pode aprimorar a nossa expressão verbal, obrigando-nos a transpor em palavras o que antes estávamos acostumados a apreender somente num relance intuitivo mudo. Ao contrário do conceito de “ser necessário”, o conceito de “Papai Noel” não implica, por si mesmo, a existência. É o conceito de um ente que pode existir ou não existir. Logo, um juízo modal que qualifique a sua existência como contingente ou necessária só pode ser formulado DEPOIS QUE A EXISTÊNCIA DESSE ENTE TENHA SIDO AFIRMADA COMO REALIDADE EMPÍRICA. Portanto, a afirmação “Papai Noel existe necessariamente” só pode ser contraditada por um juízo que negue a necessidade dessa existência, não a existência mesma, como acontece na contraditória de “o ser necessário existe necessariamente”. Dito de outro modo, em “o ser necessário existe necessariamente”, o modo decorre logicamente do próprio conceito, de maneira que, pela mesma negativa, pode-se negar seja o modo, seja o conceito. Isso não acontece na sentença “Papai Noel existe necessariamente”. A contraditória desta última só pode negar a modalidade, não a existência. “Papai Noel existe necessariamente” tem uma e uma só contraditória, “A existência de Papai Noel não é necessária”, e não duas. Na verdade, o método pimentélico resulta em proclamar que nenhum juízo empírico sobre entes contingentes tem uma contraditória unívoca, o que tornaria a lógica inteira totalmente impossível. Não apenas é um erro inadmissível num estudante de filosofia, mas é inadmissível em qualquer ser humano de qualquer idade, mesmo sem instrução. A imbecilidade da coisa é não só monumental, como ilimitada. Não espero, por isso mesmo, que o sr. Pimentel compreenda esta explicação.

19. Exemplo da “ratio pimentélica”: Quando, aludindo ao livro de Northrop Frye, digo que a autocompreensão da mente ocidental depende eminentemente da herança bíblica, o boboca retruca: “Se a Bíblia fosse a raiz de toda cultura ocidental possível, as coisas anteriores ao século I não fariam parte da cultura ocidental.” Só posso concluir que os profetas hebraicos nasceram todos no século I. Ou depois.

20. Falando em obrar, a obrinha do sr. Helio Pimentel não é um livro, é só um artigo formatado como livro, do qual metade nada fala de mim e a outra metade é de um primarismo deprimente. Não é preciso dizer que o autor não leu um livro meu sequer, limitou-se a apenas a ranhetar contra uma ou outra tese isolada, que encontrou na internet. E mesmo aí demonstrou aquela inabilidade presunçosa, infinitamente empombada, que só se aprende na USP. Escreverei a respeito mais tarde, quando a infecção intestinal que me acometeu tiver me habituado melhor ao trato de assuntos fecais

21. É inútil pedir o meu “apoio” para qualquer tipo de movimento político. Tudo o que posso dar são esclarecimentos, que repetirei iguaizinhos para todos os que os pedirem. Isso pode ser útil, mas o que vocês precisam mesmo é de uma LIDERANÇA, como já a defini anteriormente, isto é, uma força integradora e organizadora que interconecte e unifique milhares de grupos e movimentos locais. Isso requer dedicação integral e presença física

22. Qualquer conservador ou liberal que, a esta altura, se empenhe em fuçar podres no passado de QUALQUER dos pré-candidatos antipetistas à presidência está apenas se sujando a si mesmo.

23. Mistério : Como é que nos filmes de Hollywood as pessoas conseguem transar depois de uma garrafa de champanhe, um banho de espuma e uma massagem? Se eu fizesse essas coisas cairia no sono até o dia seguinte.

24. Conheço jovens de talento que querem “entrar na política’, isto é, candidatar-se a algum cargo. Conheço outros que querem “criar um movimento” pró ou contra alguma coisa. Só não conheço ninguém que queira contactar todos os pequenos núcleos regionais de militância conservadora, instrui-los, articulá-los, unificá-los e dirigi-los, partindo humildemente de suas causas e reivindicações locais para aos poucos juntar essas múltiplas correntes miúdas no grande caudal de um movimento nacional. Minha conclusão é que ninguém ainda percebeu que é assim e só assim que se “faz política”. Eu mesmo, se tivesse vinte anos e alguma vocação política, faria exatamente isso e não me candidataria a nada antes de ter um grande movimento às minhas costas, ainda que isso levasse uma década ou duas. Não o faço porque tenho 67 anos e tenho a política apenas como um dos meus campo de observação científica, não como área de atuação pessoal. Mas com certeza deve existir alguém que queira e possa o que não quero nem posso. Como é que você pode interessar os outros nos grandes problemas, se você mesmo não se interessa pelos pequenos problemas deles? Um líder tem de ser antes de tudo um ORGANIZADOR, e organizador quer dizer alguém que unifica o disperso e o coloca numa ordem em vista de uma ação. No mundo conservador brasileiro há muitos agitadores, alguns deles verdadeiramente bons, mas nenhum líder. Prometi a mim mesmo que iria adquirir conhecimento e um dia criar uma nova geração de intelectuais e educadores no Brasil, mesmo que isso levasse a minha vida inteira. Estou com 67 e só comecei. Se você quer mudar a política brasileira, tem de ser um líder, e isso leva ainda mais tempo — talvez até mais dedicação — do que o meu humilde projeto educacional. Quem não seja capaz de tornar-se, por si, o núcleo de uma grande organização só poderá fazer o que as organizações já fazem, isto é, mais merda. Só o que é preciso ter é uma massa dispersa capaz de ser unificada e organizada a longo prazo. Essa massa já existe. O que você está dizendo é que os movimentos políticos não nascem — só continuam. Isso é impossível. A primeira coisa que um líder terá de fazer será viajar por todo o Brasil, contactando indivíduos e grupos, instruindo-os, ajudando-os, unificando-os pouco a pouco. Antes de tudo pergunte a você mesmo se você é rico (ou asceta) o bastante para fazer isso durante anos, sem ganhar um tostão. A internet pode ajudar, mas será sempre um instrumento auxiliar apenas. Só o que você prova com essas palavras é que não tem autoconfiança bastante para ser um líder. Daí por diante esta conversa é estéril. A vocação genuína sempre encontra seus caminhos. Parece que a sua não é essa. É erradíssimo supor que “todos os movimentos nascem de outros”. Nascem de uma BASE SOCIAL preexistente, o que é coisa totalmente diferente. Podem fazer ensaios, tentativas e experimentos, que são sempre louváveis. Mas o verdadeiro trabalho educacional só começará depois que você tiver a experiência do completo fracasso. Até os 50 anos eu dizia à minha esposa: “Sou o maior fracasso pedagógico da América Latina.” Foi aí que as coisas começaram a funcionar. Não confio e não acredito. Quando seus alunos em massa lhe derem facadas nas costas e ficarem piores do que você os encontrou, você começará a entender o que estou dizendo. Os jesuítas foram talvez os maiores educadores de todos os tempos. Levaram facadas de Descartes e Adam Weishaupt, entre muitos outros. Foi aí que o método começou a ficar bom. Você tem de começar AJUDANDO os pequenos núcleos dispersos a organizar-se em escala local para atingir seus próprios fins. Só aos poucos articular uns aos outros num movimento maior.

25. Por favor, que ninguém tente ser aceito no meu círculo de amizades facebookianas alegando que é conservador, que é reacionário, que quer ver os petistas na cadeia, o diabo. Suas paixões e preferências políticas, por justificadas que sejam, não me sensibilizam. Mostre-me antes que é um estudante sério, que está lutando pelo conhecimento, que quer compreender a realidade da vida e tornar-se uma consciência desperta. Isto sim é um motivo para que eu o aceite aqui. Não estou buscando militantes, mas futuros educadores. Não desprezo os militantes e acho mesmo que é urgente formar uma militância. Mas só quem pretende exercer uma liderança política deve entrar nessa área. Não é o meu caso.

26. Para pensar durante a semana: “Voltar a outra face” quer dizer que se estupram uma das suas filhas você deve oferecer também a outra?

27. Esse pessoal comunista e nazista já vive tão ocupado entubando bracholas o dia inteiro. Por que abandonam seus afazeres anais para perder tempo falando de mim?

28. Abrir-se à totalidade da experiência humana sem jamais contaminar-se do pecado é apanágio exclusivo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Para todos os demais, só existem as seguintes possibilidades : (1) afundar na merda e permanecer por lá mesmo a vida inteira; (2) afundar na merda e passar o resto da vida tentando corrigir-se; (3) fugir de toda experiência por medo de contaminar-se, tornando-se um santarrão hipócrita cheio de não-me-toques; (4) ser santo desde o nascimento por especial e incompreensível graça divina. Quem optou pela segunda via pode ser ajudado pelos que estão na quarta, mas será desprezado pelos outros dois tipos.

29. Posso estar enganado, mas acredito que a educação infantil, pelo menos nos quatro primeiros anos, deve constituir-se apenas de linguagem (português e uma ou duas línguas estrangeiras), aritmética, ginástica e artes (música, dança, desenho, teatro). E a nota mínima para passar de ano deve ser 7. Cursos de Educação Sexual devem ser dados apenas aos membros das duas Casas do Congresso, para que aprendam a não foder com o povo.

30. Quanto tempo você leva para inteligir alguma verdade? Uma fração de segundo. Quanto tempo para verbalizá-la? Minutos ou horas. Quanto tempo para demonstrá-la? Dias ou semanas. Quanto tempo para refutar todas as objeções possíveis? Anos, às vezes a vida inteira. O próprio Descartes foi testemunha disso, mas nem por isso entendeu que a exigência de provas, se faz bem à sociedade e à cultura, pode ser a morte da inteligência individual.

31. Se você quer destruir a sua inteligência de uma vez por todas, só admita como verdade o que possa provar. Descartes criou a fórmula perfeita da imbecilização. De tudo o que sabemos por evidência imediata, só uma parcela infinitesimal pode ser retida na memória até transmutar-se em discurso e poder, em seguida, ser decomposta como prova.

32. Só idiotas pensam com o cérebro. O gênio percebe a verdade com a totalidade do seu ser e deixa ao cérebro o trabalho humilde de reduzi-la a proporções manejáveis. 33. Aquilo que você não consegue verbalizar é o melhor que a sua inteligência percebeu. Não o force a expressar-se em palavras. Espere que o tempo faça isso lentamente, misteriosamente. Um dia você sai explicando a coisa com a maior facilidade, e nem sabe como conseguiu isso.

34. Quando Sto. Tomás, depois de escrever as duas Summas, os Comentários a Aristóteles e as Questões Disputadas, finalmente entendeu coisas que estavam infinitamente acima da sua capacidade de escrever, ele teve de admitir a existência de um abismo entre inteligência e linguagem, e voltou, de certo modo, a ser o Boi Mudo, como o apelidaram na juventude.

35. Se, de tanto frear as intuições para verbalizá-las, algum dia você chegar ao ponto em que só percebe aquilo que for capaz de explicar a um idiota, você mesmo ficou idiota.

36. Discutir com idiotas pode ser útil para o aprendizado literário, porque nos obriga a expressar em palavras as obviedades que antes só percebíamos num relance intuitivo mudo. Mas pode também fazer trazer dano à inteligência geral, pois nos vicia a desacelerar as intuições e trocá-las pelo raciocínio verbal. Entre uma coisa e a outra, é preciso dançar e exercer o autocontrole.

37. Se os enfezadinhos de hoje soubessem quantas pessoas já vieram me pedir desculpas por cretinices que escreveram a meu respeito no passado…

38. No Brasil, basta você dizer alguma coisinha contra uma idéia, e já rotulam você de adepto incondicional da idéia oposta. Mas agora já melhorou: basta você NADA ter escrito contra ou a favor de uma idéia para que concluam que você é seguidor fanático dessa idéia. O mesmo vale para pessoas e organizações. Ele nada disse contra o Mitt Romney? Portanto ele trabalha para o Mitt Romney. Como seria bom se fosse assim. Se todas as pessoas contra as quais eu nada disse me pagassem por isso, não haveria limites para o saldo da minha conta bancária.

39. Estou lendo o livro do Tuma Jr., e o que sinto pelos lindos personagens pode se resumir numa frase que ouvi outro dia num filme: “Sabe por que eu não mato você? É porque só se morre uma vez.”

40. A coisa mais urgente neste país não tem nada a ver com governo: é dar voz à “maioria silenciosa” e fazê-la tomar consciência da sua força. É preciso acabar com uma situação doente onde só quem tem voz é a aliança da elite vigarista com o Lumpenproletariat que ela denomina “povo”.

41. Nota atrasada : A comparação que fiz entre filósofos antigos e modernos pode ser comprovada empiricamente com a maior facilidade. Juntem Rousseau, Marx, Nietzsche e Sartre e tentem obter daí um conceito de filosofia. Impossível. Leiam três páginas de um diálogo de Platão e o sentido da palavra “filosofia” já aparece nítido ante os seus olhos. Não se pode obter o conceito de uma coisa partindo daquilo que a nega e decompõe.

42. O Brasil teve governo antes de ter povo. O governador-geral Mem de Sá desembarcou no país em 1558 trazendo os fundamentos de uma burocracia destinada a imperar sobre uma população de antas, macacos-prego, formigas e tatus-bola — fora os índios, é claro, que não entendiam merda nenhuma do que estava acontecendo. Só depois vieram os demais habitantes, metade deles escravos amarrados, ainda zonzos das porradas e perdidos no espaço. Até hoje o governo tem todas as iniciativas, e a população, nenhuma. Até protesto, neste país, vem de cima. Essa é a diferença que nos separa da Ucrânia e da Venezuela. O Brasil não tem povo, só tem massa e governo.

43. Não acho mau, de jeito nenhum, que essa escória mostre suas carinhas bisonhas à plena luz do dia. Eles são a substância de contraste que ajudará a definir a nossa fisionomia aos olhos do público e depois será expelida no mijo. Nunca se esqueçam: Nos anos 30 do século XX, foram os conservadores, como Churchill e Pio XII, que levantaram a bandeira da resistência ao nazismo, enquanto a URSS fazia acordos por baixo do pano para fortalecer ilegalmente o exército alemão, só aderindo ao antinazismo, tardia e oportunisticamente, quando notou que não poderia usar Hitler para seus próprios fins.

44. Esse grupo de anti-semitas ecoa uma velha direita fracassada e caquética, sempre com o rosário numa das mãos, a bandeira nacional na outra e uma mentira na boca. Incapazes de oferecer qualquer alternativa sensata ao esquerdismo triunfante, durante vinte anos estiveram trancados no esgoto, sem saber como sair. Agora que sem a mínima ajuda deles abri algum espaço para o conservadorismo, querem se aproveitar da chance, tomar carona e fazer-se de donos do bonde. O catolicismo deles é feito de maledicência, intriga e ódio sem fim aos judeus, tudo embrulhado numa retórica subginasiana e kitsch. Entre eles não há um só escritor, nem um só homem realizado em campo algum do conhecimento, só moleques presunçosos e velhos nazistas arruinados.

45. Platão, Aristóteles, Sto. Tomás ou Leibniz estão certos em linhas gerais e erram em detalhes. Rousseau, Marx, Nietzsche ou Sartre estão errados no conjunto mas acertam em detalhes. Os antigos eram mentes sãs que de vez em quando derrapavam. Os modernos são mentes deformadas que às vezes têm uns lampejos de gênio. É por isso que só se pode aprender a filosofar com os antigos, ou com aqueles dentre os modernos que se conservaram antigos, como Husserl, Voegelin ou Lavelle. Com os outros você aprende muitas coisas, mas é impossível obter deles uma noção do que é filosofia. Noção que já se torna clara à leitura da primeira página de Platão. Quando os filósofos dizem que a filosofia está em crise, ou acabou, ou deve se transformar em outra coisa, é que não conseguiram fazer filosofia nenhuma. Marx achava mais fácil fazer uma revolução. Rousseau, choramingar. Nietzsche, ficar doido e acabar com tudo. Sartre, puxar o saco do Partido Comunista. Cada um fez o que podia. Só se pode chamá-los de filósofos por falta de outra denominação. Descambou com Spinoza e Locke, cada um se agarrando a metade da filosofia e maldizendo a outra metade, que não compreendia.] Hegel e Heidegger tinham o autêntico gênio filosófico, o que lhes faltava era vergonha na cara. Kant também tinha; o que lhe faltou foi experiência da vida.

46. Quando um desafia você para um debate e você não responde, você é mal educado ou cagão. Quando mil o desafiam ao mesmo tempo e você não responde, você é eu.

47. Aviso óbvio e desnessário, exceto no Brasil: Se você quer um debate comigo, não comece por me ofender. Uma ofensa, umazinha só, e não haverá debate nenhum, exceto quanto ao preço do michê da sua mãezinha. O Brasil é o único país do mundo onde você pode afirmar que um sujeito é vendido e em seguida jurar que não quis ofendê-lo de maneira alguma.

48. No mundo da escrita há os que escrevem de maneira simples e correta; os que escrevem de maneira simples e incorreta; os que escrevem de maneira complicada e correta e, por fim, os que escrevem de maneira complicada e incorreta. Estes últimos são todos filhos da puta.

49. O Brasil é o único país onde o número de filhos da puta excede o total da população.

50. No meu modesto entender, os anti-semitas têm de ser escorraçados não só do Facebook como de todos os ambientes decentes e condenados a ficar falando uns com os outros até o fim dos tempos.

51. Se eu odiasse um sujeito com todas as minhas forças, mas o visse enfrentando sozinho centenas de inimigos ao mesmo tempo, eu teria vergonha de juntar minhas forças à maioria covarde. Talvez até defendesse o cidadão, como defendi o direito do sr. João Pedro Stédile falar quando queriam calá-lo e, mais ainda, defendi a turma do LaRouche quando quiseram censurar seu livro “A Máfia Verde”. Pautei minha vida pelo conselho de José Ortega y Gasset, “Prestad noblemente vuestro auxilio a los que son los menos contra los que son los más”, mas há pessoas que são antes regidas pelo instinto lupino de morder em bandos. Isso já diz tudo sobre o caráter desses indivíduos.

52. Se consegui ser uma unamidade entre comunistas e fascistas, não há nisso nada de estranho, pois vêm todos da mesma buceta.

53. Se a duras penas e pagando alto preço abri praticamente sozinho um espaço para as idéias conservadoras no Brasil, não foi para vê-lo usurpado por fascistas e antisemitas, parasitas que aliás nunca foram capazes de conquistar um lugarzinho por suas próprias forças.

54. Assim como não se pode culpar “a” Igreja católica por perseguir os judeus, já que dentro dela sempre existiu uma briga de foice entre amigos e inimigos dos judeus, do mesmo modo na Maçonaria existem setores anticatólicos e pró-católicos. A aliança política mais fecunda do último meio século foi entre um Papa e um maçom — João Paulo II e Ronald Reagan –, assim como o maior amigo que os judeus tiveram na II Guerra foi um Papa, Pio XII, e o primeiro governante do mundo que levantou a voz em favor dos cristãos perseguidos nas últimas décadas foi um judeu, Benjamin Netanyahu. Não espero que essas sutilezas históricas interessem a quem já “tomou posição” e vê no sectarismo a mais obrigatória das virtudes. 55. Ainda acho que a coleção dos materiais anti-olavísticos daria um maravilhoso estudo de sociologia da vida intelectual de um país onde não há vida intelectual nenhuma.

56. O Lyndon LaRouche chegou a afirmar que eu era um globalista, fornecendo como prova o fato de que eu escrevia num jornal chamado O Globo. Não estou brincando. Aconteceu, caraio!

57. o que MAIS me envergonha na vida foi ter ajudado os comunistas a destruir a carreira de um colega jornalista que consideravam traidor. Foi há quase meio século, mas ainda me envergonha. Comparada com isso, qualquer outra merda que eu tenha feito é essência de rosas.

58. Adormeça imaginando que tudo à sua volta sumiu e pensando somente “Coração de Jesus – a fonte do amor universal”. Dormirá como uma criança.

59. A repulsa, como a atração, faz parte integrante do instinto sexual. No sexo não existe neutralidade: aquilo que não nos atrai, nos repele. Só evitamos esse sentimento de repulsa quando nos mantemos a uma distância suficiente para não ver nem pensar nas coisas, pessoas e circunstâncias que sexualmente nos repelem, mas basta chegar perto delas e a repulsa é irrefreável. Daí tiro duas conclusões: (1) Criminalizar toda expressão de repulsa ao homossexualismo, ou a qualquer outra conduta sexual, é proibir a expressão da natureza humana. (2) Muitas pessoas se acreditam moralmente superiores porque sentem repulsa ao homossexualismo, ao travestismo, etc., mas essa repulsa é uma reação espontânea sem significado moral e, em si mesma, tão desprovida de valor quanto qualquer fantasia sexual. Para chegar a ter uma atitude moralmente conseqüente perante essas coisas é preciso primeiro neutralizar intelectualmente a repulsa até chegarmos a enxergar com compreensão e simpatia desejos que naturalmente não sentimos e condutas a que não nos entregaríamos. Só aí a nossa recusa desses desejos e condutas será uma atitude MORAL e não apenas NATURAL, ou animal. Março

60. O tempo de fechar o PCdoB foi vinte anos atrás.

61. Um protesto popular contra a perseguição à Rachel Scheherazade seria melhor que mil passeatas “pela intervenção militar”.

62. O que temos de fazer é documentar os crimes contra a humanidade longamente aplaudidos pelos maoístas, e pedir o FECHAMENTO do seu partido. Isto já deveria ter sido feito vinte anos atrás.

63. Num caso de litigância de má fé, defender-se é cair numa armadilha e arriscar-se a ser condenado. É preciso denunciar vigorosamente o engodo, antes de mais nada. O PCdoB, como partido maoísta, é o maior apologista do crime que já existiu neste país.\

64. Se explicar um crime por suas causas sociais é justificá-lo, toda a esquerda é culpada de apologia do crime. Se não é, então a Rachel é inocente. Não há terceira alternativa.

65. A primeira coisa a fazer no caso da Rachel Scheherazade é juntar a IMENSA documentação que prova que há sessenta anos o partido de Dona Jandira justifica os crimes como protestos sociais.

66. Em 1964, tão logo a esquerda caiu do cavalo, começou um longo e sério “mea culpa” que resultou numa mudança completa da estratégia esquerdista. O resultado levou mais de vinte anos para chegar. A direita caiu já faz mais de vinte anos e só agora começou vagamente a pensar no assunto. E começou por iniciativa de jovens que não tiveram culpa nenhuma pelos erros do regime militar. A velha guarda preferiu fechar-se numa autodefesa incondicional e burra ou então cair na “espiral do silêncio”.

67. A direita, no Brasil, sempre teve horror de líderes autênticos. Procurou sempre figuras de segunda ordem que pudesse manipular em segredo. Boicotou Carlos Lacerda e promoveu Jânio Quadros e Fernando Collor.

68. Quem restabeleceu as relações com a URSS e elevou o Che às alturas da popularidade nacional? O presidente eleito pela direita, Jânio Quadros.

69. Cada vez que um esquerdista vier com coitadice, mostre-lhe estas fotos e diga: — VOCÊ fez isto.

70. Comparem agora com as marcas no corpo do pastor Richard Wurmbrand ao sair da prisão comunista na Romênia.

71. Recordar é viver: A ditadura militar não chegou a ser uma ditamole, mas também não se assemelhou em nada ao pesadelo demoníaco que até hoje assombra as imaginações de milhões de universitários bobocas que não a conheceram. Vivi o tempo todo perto da militância esquerdista armada e desarmada, tive parentes e amigos presos, e nunca, nunca vi um único esquerdista, guerrilheiro ou não, sair da cadeia aleijado, estropiado, deformado ou mesmo seriamente debilitado. Psicologicamente traumatizado em nível alarmante, só vi um, mas era um sujeito que antes disso já não me parecia muito bom da cabeça. Isso não quer dizer que não houve maus-tratos e até homicídios na cadeia, mas jamais nas proporções endêmicas que hoje se alardeiam. No entanto, até agora, nas universidades e na mídia, o pessoal fala de dedos cortados e unhas arrancadas como se em cada prisão houvesse uma manicure do demônio trabalhando 24 horas por dia para produzir sofrimentos físicos indescritíveis. Vejam, por favor, estas duas fotos de presos trocados por diplomatas seqüestrados e digam, com toda a sinceridade, se alguém nelas tem a aparência de doente, de mutilado, de gravemente debilitado ou de recém-egresso de uma câmara de torturas.

72. Recordar é viver: Até hoje o único governante brasileiro que fez alguma coisa substantiva contra o comunismo foi um presidente democraticamente eleito, o marechal Eurico Gaspar Dutra, que fechou o Partido, cassou os mandatos de todos os deputados comunistas e rompeu relações com a URSS. Por ironia, ele se elegeu (com mais de 50 por cento dos votos) pela chapa getulista-esquerdista PSD-PTB, contra o candidato oficial da direita, Eduardo Gomes.

73. Vocês têm de encontrar um líder capaz de agradar a TODOS os grupos envolvidos. Em 1964, esse líder foi o governador de Minas, Magalhães Pinto, que nunca brigou com ninguém na vida.

74. Eu, pessoalmente, não posso JAMAIS estar na liderança de nenhum protesto de massas, porque a própria natureza da minha atividade exige uma franqueza incompatível com os cuidados diplomáticos requeridos.

75. Se o pessoal da marcha não consegue nem mesmo parar de brigar com a Rádio Vox, como é que vai organizar um protesto de massas? Massa é massa, caralho, é muita gente diferente reunida com um objetivo comum.

76. NENHUMA bandeira deve ser levantada sem aprovação prévia de TODOS os grupos participantes.

77. “Abaixo o comunismo” e “Abaixo o Foro de São Paulo” são bandeiras genéricas o suficiente para angariar MUITO apoio.

78. Já participei da organização de alguns protestos bem sucedidos, como por exemplo aqueles que se seguiram à morte do jornalista Vladimir Herzog, os quais atingiram plenamente o seu objetivo imediato, com a destituição do então comandante do II Exército. De três coisas eu sei com certeza : A primeira condição para um protesto bem sucedido é aplanar previamente as diferenças entre os grupos interessados, em vez de acirrá-las. É um longo e complexo trabalho diplomático. A segunda é que as reivindicações devem ser discutidas previamente com todos os grupos, assegurando a satisfação de cada um. A terceira é que as reivindicações a ser apresentadas devem ser genéricas o bastante para expressar resumidamente os anseios de todos. O pessoal da Marcha fez tudo ao contrário. Para quê, por exemplo, afugentar logo de cara o apoio de grupos que querem o fim do petismo SEM intervenção militar? Um protesto popular não tem de decidir antecipadamente as vias pelas quais o inimigo vai ser derrotado — força eleitoral, impeachment, intervenção militar, ação judicial, etc. Tem apenas de mostrar indignação popular contra esse inimigo.

79. No Brasil não há um só picareta leviano e inculto que, ao ver um filósofo, não dê um sorrisinho de malícia, imaginando que é mais esperto que ele.

80. Eu pareço que sou bobo? Pareço, e às vezes sou mesmo. Mas não sempre.

81. Quanto mais os planejadores da coisa demoram para aparecer, mais sujam o movimento que inventaram. Como pode alguém ter tido a CARA DE PAU de vir pedir o meu apoio para um movimento cujos cabeças eu não posso conhecer?

82. Não adianta me enviarem recados dizendo: É este, é aquele. Ou O PRÓPRIO mandante da Marcha se apresenta e se explica, ou prova, com seu silêncio e seu comportamento esquivo, que tem algo a esconder.

83. ATÉ HOJE não sei nem mesmo quem foi o cérebro e o mandante da “Marcha da Família”. As solicitações — ou exigências — de apoio que me chegaram foram respondidas com o silêncio que sempre dedico a quem se esconde por trás de uma menina de dezessete anos. Não falei contra a iniciativa, mas não posso dar apoio a fantasmas.

84. Integralismo é a babaquice integral.

85. Somente um boboca devoto pode não enxergar o ridículo das pretensões do Fernando Jorge. Como escrevi em 1996: “O autor pretende demonstrar, alegadamente por meio de rigorosa pesquisa e crítica textual, que o colunista, além de plagiário e analfabeto, é obsesso sexual, complexado, rancoroso, vingativo, farsante, covarde, racista, nojento, fedido, cagão, vampiro, cornudo, pernóstico, safado, ladrão, abutre, desavergonhado, escroto, pulha e ademais peidorreiro —termo que o autor, decerto momentaneamente entorpecido pelos vapores intestinais de seu fétido personagem, grafa peidorento e com um r só. Tudo isso sic, e dito, segundo autor e editor, sem um pingo de ódio ou má-fé, mas com a maior isenção e por motivos estritamente científicos.”

86. O dr. Szondi comparava a psique a um palco giratório com vários cenários diferentes, que, na doença mental, fica travado e repete sempre o mesmo cenário. Se você sabe qual dente da engrenagem está quebrado, é fácil prever em qual cena a coisa vai parar.

87. Tudo o que digo de mais louco acaba acontecendo, por um motivo muito simples: a loucura é altamente previsível, só a sanidade é criativa. Os outros que se dizem analistas políticos só não enxergam porque são eles próprios instrumentos da loucura. Não enxergam porque não se enxergam.

88. Momentos inesquecíveis: Quando eu morava no Rio, fui a São Paulo buscar a Roxane, que estava na casa da nossa amiga Henriette, e lá passamos a noite. Quando cheguei, a rua estava escura e li no prédio da frente a placa: INSTITUTO DE DEPILAÇÃO CANINA. Caralho!, pensei comigo mesmo, até cachorro já estão depilando! É muita decadência. No dia seguinte olhei pela janela e li certo: Instituto de Depilação Carina.

89. Veadagem, por natureza, tem limites, porque, quando o sujeito vai chegando no máximo, faz operação e muda de sexo. O único tipo de veadagem ilimitada é o anti-olavismo.

90. Quando é que vão entender que a porra da democracia liberal, embora seja uma confusão dos diabos, embora dê chance a tudo quanto é picareta e embora se revele incapaz de defender-se contra a propaganda totalitária, é o único regime no qual é possível viver como um ser humano?

91. Vocês podem não acreditar, mas há indivíduos cuja suprema realização, cujo momento culminante na vida, foi dar o cu.

92. Se não tenho a consciência de que Deus está me transformando num deus, conforme a Sua promessa explícita, então todos os mandamentos da religião se rebaixam ao nível da “prudentia carnis” e não passam de um código civil e penal.

93. O mundo é um fluxo de estados transitórios direta ou indiretamente perceptíveis fundado numa eternidade imperceptível. O mundo não é uma ilusão, mas é uma tela invertida onde as aparências do ser, que são reais mas impermanentes, encobrem o ser das aparências, que é permanente e por isso mesmo parece irreal. Essa inversão ocorre tanto na nossa percepção do mundo quanto na de nós mesmos. A identidade por baixo dos nossos estados e percepções é totalmente inacessível ao nosso conhecimento mas ao mesmo tempo nenhum conhecimento poderia existir sem ela. Por isso é que práticas místicas e ascéticas não levam a parte alguma se a ação decisiva é nossa e não vem do próprio Deus.

94. Toda percepção é uma modificação do estado do sujeito cognoscente. Ao mesmo tempo, nenhum objeto poderia ser percebido se não estivesse em permanente mudança, se não sofresse alterações. Nada do que é eterno e imutável pode ser percebido por entes cujo próprio ser (e cujo modus cognoscendi portanto) é mudança e transitoriedade. O eterno e imutável só pode ser apreendido intelectualmente, seja como forma vazia, seja por analogia. Ao mesmo tempo, sabemos que não pode haver mudança sem permanência, e que a mutabilidade absoluta é uma contradição de termos, a coisa mais impensável do mundo. A única conclusão possível é que vivemos num fluxo de impressões cambiantes erguido sob uma base inacessível de realidades eternas. Isto é uma conquista definitiva do platonismo.

95. Momentos inesquecíveis: O Paulo Mercadante, um dos amigos mais queridos que já tive, mantinha um imenso diário que registrava quarenta anos de história do Partido Comunista. Insisti que ele o publicasse, mas em vez disso ele disse que, na morte, me legaria o diário. Quando ele morreu, em 2013, eu estava longe e nem pude fazer contato com a família. Não sei nem mesmo se essa preciosa coleção de documentos ainda existe. Para vocês terem uma idéia da riqueza da coisa, a biografia do Graciliano Ramos pelo Dênis de Moraes foi quase toda baseada nos arquivos do Paulo.

96. Momentos inesquecíveis: Outra que o Paulo Mercadante me contou. Quando a rádio francesa transmitiu o discurso do Nikita Kruschev denunciando os crimes de Stalin, ele e outros comunistas brasileiros estavam em Paris, na casa do Louis Aragon, o poeta oficial do Partido Comunista Francês, que estava para chegar. Todos, diante da notícia, comentavam: “Essa imprensa imperialista não tem mais o que inventar!’ Dali a pouco chegou o Aragon com a “inside information”: — Sinto muito, companheiros. O discurso é autêntico. Foi uma epidemia de depressões. O Carlos Marighella foi parar numa clínica de repouso.

97. Momentos inesquecíveis: Dois velhinhos adoráveis que conheci, e ao mesmo tempo dois gênios da literatura brasileira, foram o Gerardo Mello Mourão e o Paulo Mercadante. Amigos inseparáveis, tinham se conhecido durante a II Guerra Mundial, quando o Paulo, como agente do serviço secreto da Aeronáutica (e aliás militante do Partido Comunista), prendeu o Gerardo sob a acusação — depois nunca totalmente confirmada — de ser espião nazista. Só no Brasil.

98. Uma das funções essenciais de um educador é ser um descobridor e despertador de talentos. Leiam os artigos do Felipe Moura Brasil, do Ronald Robson, do Gustavo Nogy, do Rafael Falcón, do Flavio Morgenstern e de tantos outros dentre os meus alunos, e digam se tenho falhado nesse ponto. Aliás, digam se alguma universidade brasileira, ou mesmo a totalidade delas, trouxe ao cenário cultural brasileiro tantos talentos em tão pouco tempo e a um custo tão baixo. Até o ano de 2001 eu achava que era o maior fracasso pedagógico da América Latina. Agora não sou mais. 99. Brasileiro gosta de bundão e cuzão porque reconhece neles a sua personalidade.

100. O culto brasileiro das bundas é prova de extrema superficialidade nos sentimentos. Nenhum homem pode dizer à sua amada: “Amarei a sua bunda até o último dos meus dias.” O amor aos peitos pode chegar a exageros ridículos, mas, na origem, expressa um bom sentimento.

101. Se os governos militares tivessem um milésimo do direitismo que seus críticos denunciam, ou do patriotismo que seus saudosistas lhes atribuem, teriam denunciado a espionagem soviética, da qual estavam perfeitamente conscientes, e rompido relações com a URSS.

102. Para quem viveu sob a ditadura militar e conheceu de perto a censura e a perseguição política, é patético ver como esses males, na cabeça dos jovens universitários, aparecem hoje monstruosamente ampliados ao ponto de tornar-se irreconhecíveis. A crença geral é que as cadeias estavam superlotadas de presos políticos e que milhares de pessoas foram torturadas ou assassinadas por mero “delito de opinião”, como em Cuba. É impressionante a habilidade, o cinismo com que a esquerda consegue pintar o regime militar à sua própria imagem e semelhança, e desaparecer por trás do espantalho que criou.

103. Quero ver a putada petista celebrar quando, a chamado dela mesma, o Putin desembarcar aí prendendo tudo quanto é gay.

104. Patriotismo não é puxar o saco da pátria. É fazer algo por ela e representála com dignidade, mesmo que o resto da população insista em só dar vexame.

105. Aja de maneira que, quando viajar ao Exterior, o Brasil tenha algo a mostrar além de crimes e cus.

106. “O sábio corrige primeiro a si mesmo, depois à sua família, depois à sua rua, depois ao seu bairro, depois à sua cidade, depois à sua nação.” (Confúcio)

107. Você acha que o Brasil está uma bosta? Comece a construir um novo Brasil na sua pessoa.

108. As pessoas que pedem “intervenção militar” dizendo-se inspiradas em 1964 não conhecem bem a história. Naquela época quem saiu à frente foram lideranças CIVIS de altíssimo prestígio, incluindo vários governadores de Estados, apoiados por uma rede enorme de organizações civis, mais empresários e banqueiros de primeira grandeza e a Igreja Católica em peso. O marechal Castelo Branco, que acabou assumindo a presidência, nem sequer havia tomado parte da preparação do movimento. O que é preciso fazer, se querem realmente mudar o curso das coisas e não só criar uma impressão momentânea, é tomar da esquerda o monopólio das organizações civis em primeiro lugar. Isso dá trabalho.

109. Momentos inesquecíveis: Leilah, três anos, ao lado do seu amiguinho André, da mesma idade, assiste “King Kong” na televisão. Depois saem os dois pela casa, de olhos arregalados, comentando: — Medo pacacão. Medo pacacão.

110. Trair promessas é A ESSÊNCIA do esquerdismo, não a sua corrupção.

111. Querem um movimento promissor? Lutem pelo armamento da população, simultâneo à criação de um sistema de alarmas entre cada dez casas, de modo a estimular no povo o hábito da proteção mútua. Se querem mais uma sugestão, NÃO lancem essa campanha pela internet, mas em pessoa, nas igrejas, nas escolas, nos sindicatos… A internet chama-se “mundo virtual” porque ela é boa para circular informações e idéias, não ordens e comandos. Tudo nela tende a ficar no imaginário. Noventa e nove por cento dos casos amorosos por computador esgotam-se em pura punheta eletrônica, sem que os apaixonados jamais venham a se encontrar pessoalmente. Por internet pode-se espalhar uma sugestão, mas não comandar um movimento. A TV tem mais poder de comando porque NÃO É interativa. É one-way. Na internet pode-se discutir indefinidamente sem chegar a conclusões ou passar à ação.

112. A esquerda entende de organização comunitária. O mal é que, a longo prazo, ela planeja em segredo usar o povo, no fim, para objetivos gerais que contrariam as expectativas inicialmente criadas. O que uma militância cristã e conservadora tem de fazer é conduzir o povo desde os pequenos objetivos iniciais e locais até grandes conquistas gerais que sejam a continuação lógica deles, não o seu desmentido

113. Para tornar-se um líder comunitário você não pode começar querendo que o povo siga logo as suas palavras-de-ordem ideológicas. Você tem de começar por ajudá-lo em coisas úteis, na solução de problemas, na integração da comunidade. Isso leva tempo. E você tem de fazer todo mundo trabalhar pelo bem comum, porque o que faz as pessoas apegarem-se a um movimento não é o que recebem dele, mas o que elas mesmas lhe dão.

114. A única coisa que os governos petistas puseram em ordem foi a Receita Federal, isto é, a coleta de dinheiro para os políticos. Nem se lembraram de colocar primeiro em ordem o registro das propriedades imobiliárias, para que o povão tivesse algum capital com que começar a vida antes de pagar impostos.

115. Momentos inesquecíveis: Trinta anos atrás, num momento de enorme tristeza, tive um sonho. Eu tinha morrido e era agora um anjinho-criança, quase um bebê. Jesus me dera uma cesta divina cheia de pãezinhos que não acabavam nunca, e me mandou jogá-los aos pobres e famintos. “Faça isso desde uma altura de uns cem metros”, disse Ele. “Não desça à Terra.” Parti para a minha missão, todo contente, mas, quando ia jogando os pãezinhos, os esfomeados começaram a disputá-los entre si, agredindo e matando uns aos outros. De cima, eu lhes gritava que tivessem paciência, que havia pãezinhos suficientes para todo mundo, mas eles não me ouviam. Acabei desistindo. Chorando de pena, voei de volta para junto do Trono de Deus. Ninguém está preparado para ser anjo, e mesmo que estivesse ainda teria de adquirir alguma experiência da vida.

116. Não deveria ser preciso dizer isto, mas a preparação de um vasto protesto de massas começa por articulações com as várias organizações e grupos potencialmente interessados, negociando com eles as bandeiras a ser levantadas, o número de participantes que cada um pode prover, o modo de participação, etc. E a regra número um é: quanto mais específicas as reivindicações, menor a participação geral. Entre o comando geral do protesto e a massa, têm de haver vários comandos intermediários bem articulados, cada um controlando a sua parcela da militância. Meia dúzia de líderes falando diretamente para uma massa anonima e difusa, isto é coisa de maluco, ou então de agente provocador investindo no fracasso calculado. Protesto é espetáculo. Tem script, produção, direção, elenco, ensaios, apoio logístico etc etc. Não é um apelo lançado às massas como uma mensagem numa garrafa jogada ao mar. Protesto é massa ORGANIZADA Para reunir um milhão de pessoas, você precisa de pelo menos 500 “organizadores comunitários” muito bem treinados. A esquerda treina organizadores comunitários desde os anos 50 do século XX. Toda possibilidade de uma organização de massas da direita foi destruída pelo mesmo regime militar cujo retorno alguns vêem como se fosse a salvação da lavoura Se querem um movimento popular, comecem a TRABALHAR para isso, sem esperar grandes resultados num prazo inferior a dez anos. Comecem por treinar com pequenos protestos locais. Protestos organizam-se mediante CONTATOS PESSOAIS. Um protesto que dependa muito da internet já nasceu morto. Hoje em dia praticamente todo o know-how dos protestos vem da esquerda. Ou você aprende com ela, ou não aprende nunca. Comece por dar uma espiada nesta página : O que me emputece é o seguinte: Por que sou EU quem tem de dizer essas coisas, logo eu que tenho HORROR de ser organizador de massas, líder de militância, etc? Por que as pessoas que desejam ocupar esses postos não estudam as técnicas de que necessitam? Ser líder de massas, como ser filósofo ou artista, é OBRA DE UMA VIDA. Sim, as reivindicações devem ser genéricas, sem prejulgar os detalhes e os meios de execução

117. Brasileiro não tem memória anal: toma, toma, toma e não aprende nada.

118. Só por curiosidade: O sr. Luis Gonçalves Jr., aquele que já foi desmentido por quatro das suas próprias testemunhas, continua escrevendo o seu romance sobre a minha pessoa, de modo que, após o falecimento prematuro de Otávio de Ramalho por feliz mudança de idéia do seu criador, acabei por me tornar Olívio Pimentel e com essa identidade estou em vias de ser imortalizado numa obraprima da literatura. Num dos capítulos que já circulam pela internet o distinto autor informa que, no tempo em que eu trabalhava no Jornal da Tarde, tive uma crise nervosa quando meu chefe descobriu que eu não tinha diploma de jornalismo e ameaçou me demitir. É emocionante, mas na época nenhum dos meus chefes no JT, como aliás nenhum dos colegas de maior prestígio na redação, tinha diploma de jornalismo. Nem Murilo Felisberto, nem Rolf Kuntz, nem Carlos Brickmann, nem Ricardo Setti, nem Sandro Vaia, nem Bill Duncan, nem aliás o próprio Ruy Mesquita. Eram todos profissionais mais velhos, que haviam recebido seus registros de jornalistas por tempo de serviço anterior à lei que tornou obrigatório o diploma — exatamente como eu mesmo.

119. De uma vez por todas: o filósofo pode cometer erros de apreciação aqui e ali, mas jamais se comprometer fundo com qualquer partido, grupo ou movimento político, por mais acertadas que, de vez em quando, as suas propostas lhe pareçam. Isso é incompatível não só com a independência de pensamento, mas com a própria natureza da técnica filosófica tal como a descrevi e entendo.

120. Neste país você não pode reconhecer algum mérito, dizer uma boa palavra em favor de alguém ou mesmo concordar com alguma afirmação solta, sem que milhares de zelotes da pureza comecem a conjeturar, e depois a afirmar com resoluta certeza, a existência de toda sorte de laços secretos, compromissos mafiosos e articulações conspiratórias entre você e o alvo ocasional da sua simpatia. Esse tipo de especulação, em que se baseiam uns noventa por cento das opiniões políticas que circulam pela internet, nada mais é que a expressão de terrores infantis sepultados no fundo do inconsciente, que, excitados por algum sinal mínimo, por alguma analogia fortuita, vêm à tona em linguagem fingidamente adulta. A recíproca é verdadeira: se alguém diz uma palavrinha em seu favor, ele deve ser no mínimo o seu mentor, companheiro de loja maçônica ou cabo eleitoral contratado.

121. À medida que a embriaguez petista vai passando e a revolta popular contra o esquerdismo se avoluma, é inevitável que apareçam movimentos ideológicos de teor vaga ou explicitamente nazifascista tentando parasitar a situação e crescer junto com a onda. Aproveitam-se também do estímulo que recebem da síntese “eurasiana”, que os acolhe ao lado dos comunistas que eles odeiam. Num primeiro momento, são mais ou menos inofensivos, porque a única parte do seu discurso que toca a alma do público são as generalidades anticomunistas e antipetistas, suas diferenças específicas soando apenas como exotismos sem maior interesse local ou importância prática imediata. Talvez mais tarde seus membros se aproveitem do prestigio conquistado na luta antipetista para impor em escala maior uma agenda que, por enquanto, só desperta interesse em grupos muito limitados. Talvez evoluam, esquecendo a mania anti-semita, a admiração pelo Führer e outras infantilidades. Veremos.

122. Se você é gay e alguém o constrange por isso, não precisa entrar no movimento gayzista. Eu mesmo defenderei você. Defenderei de graça e melhor do que todos esses picaretas juntos.

123. Seria ótimo se conservadores adeptos e adversários da Marcha parassem de brigar. Só a experiência dirá se o empreendimento é bom ou ruim. Por enquanto, ninguém sabe, é tudo uma inútil batalha de hipóteses.

124. Marcola diz a verdade: Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços.

125. Explicando um pouco mais: Todo mundo fica com vergonha do Lula, quer disfarçar o vexame para não sujar a reputação da pátria e, em resultado, acaba servindo de papel higiênico. O homem subiu na vida tirando proveito do seu próprio ridículo.

126. Não tendo recebido informações antecipadas, só DEPOIS da Marcha de hoje saberei suas intenções e suas possibilidades. Aí sim poderei ter uma opinião.

127. Que significa “emprego moderado dos meios de defesa” diante de um agressor armado? Existe algum jeito de dar-lhe um tiro moderadamente?

128. Um dos benefícios de viver nos EUA é que você pode fumar cigarros sem merda misturada. American Spirit e Nat Sherman são fumo de verdade, sem mais nada.

129. Um dos segredos da popularidade do Lula reside em que, cada vez que você encobre os vexames de uma criatura, você se sente cúmplice dela e tem de elogiá-la cada vez mais para dar a impressão de que não houve vexame nenhum. São milhões de paspalhos tentando salvar o investimento emocional num pequeno vigarista que capitaliza a sua própria falta de qualidades.

130. A punição judicial ou a vingança pessoal, a justiça feita legalmente pelas mãos do Estado ou ilegalmente pelas mãos da vítima, são necessariamente posteriores ao delito. A legítima defesa, ao contrário, é simultânea com ele e consiste em tentar impedir que ele se complete. Só um retardado mental pode confundir essas coisas.

131. É monstruoso confundir a legítima defesa com “fazer justiça pelas próprias mãos”. Aquele que se defende armado contra um agressor armado não está em busca de “justiça”, mas de sobrevivência.

132. O apóstolo Paulo, não lembro onde, diz que aquele que não cuida da família é pior do que os idólatras. Cuidar não é só alimentar. Você não pode ser um pai de família se não faz um voto: “Aquele que entrar na minha casa para fazer o mal à minha mulher e a meus filhos sairá daqui morto.” Toda a ferocidade do mundo é pouca na defesa dos indefesos.

133. O diabo não luta contra Deus, porque não é trouxa. Luta contra NÓS.

134. Só crianças, doentes e mulheres (nem todas) têm o direito de contar com os bons sentimentos do inimigo. Um homem nada espera dos maus senão o mal.

135. Aquele que se desarma entrega a mulher e os filhos à proteção de um desconhecido e vai dormir com a consciência tranqüila de ser um bom pai de família.

136. Jesus mandava os discípulos vender seus mantos e comprar espadas. Ele nunca sugeriu que deveriam entregá-las numa banquinha da Campanha do Desarmamento e trocá-las por uma camiseta “Sou da Paz”.

137. Antes de pedir socorro aos poderosos, pergunte a você mesmo por que ficou fraco ao ponto de já não poder defender-se por conta própria.

138. Todos aqueles que prometem salvar o mundo mediante o extermínio em massa dos malvados dizem que são agentes de Deus, e de certo modo o são, mas no seguinte sentido: “É preciso que venha o escândalo, mas ai daquele pelo qual o escândalo vem.”

139. Quando os homens de bem se vêem em minoria, isolados, boicotados e sem meios de defesa, a coisa mais louca que eles podem fazer é sonhar que algum dos poderes deste mundo virá em seu socorro. Não se pede ajuda a um diabo contra outro.

140. Seja por pressão popular, fracasso eleitoral, acúmulo de escândalos, intervenção militar ou qualquer outra via, o PT acabará sendo escorraçado da vida política nacional, exceto se implantar uma ditadura para a qual não tem, ao menos por enquanto, um número suficiente de agentes nas Forças Armadas e nas polícias. Esta é a situação. O povo ainda não tem organização suficiente para derrubar o governo, o governo ainda não tem força suficiente para calar o povo.

141. O que sugiro, por enquanto, é o seguinte. Toda a reação antigovernista que se observa no Brasil é obra de indivíduos ou pequenos grupos voluntários sem nenhum comando central nem organização. É difícil saber o que cada um quer, e discutir com todos, um por um, é impossível. Como o governo é ruim mesmo e tem de ser combatido, todas essas iniciativas são, em princípio, bem intencionadas e promissoras. Às vezes sentimo-nos inibidos de apoiar esta ou aquela, por não sabermos exatamente quais valores e critérios as orientam, mas, em princípio, nenhuma deve ser combatida exceto se acabar mostrando que é comprovadamente manobra do próprio governo ou então coisa de algum grupo ideológico exótico (neonazista, por exemplo) que deseja se aproveitar da confusão para impor a sua própria agenda especial, passando por cima dos interesses maiores da população brasileira.

142. Talvez daqui a duas ou três semanas eu comece a enxergar um pouco mais claro nessa barafunda de marchas e contramarchas que se anunciam em favor ou contra não se sabe bem o quê. Não opino sobre o que não entendo. As informações que me chegaram até agora são poucas, confusas, contraditórias e carregadas de emoção fácil, sempre acompanhadas de pedidos urgentes para que eu faça propaganda pró ou contra. Sinto muito, não vou dar a minha quota de contribuição à desorientação geral. Se queriam os meus conselhos, deveriam terme procurado MUITO antes.

143. No Brasil todo mundo adora “tomar posição” a favor ou contra, de repente, sem exame nem conhecimento de causa. E muita gente quer que eu faça isso também. Desde logo, aviso: se você quer que eu opine sobre algo que você mesmo está tramando e que não posso adivinhar o que seja, por favor envie-me todas as informações requeridas para um exame sério, ou então desista de saber qual a minha opinião a respeito. Não me peça para apoiar ou combater o que desconheço.

144. No futuro os governos distribuirão pirocas de caramelo nas escolas, para as criancinhas adquirirem prática de chupar.

145. Se você dá a milhões de covardes a impressão de que é forte, eles se oferecerão para morrer por você de puro medo de que você os mate. O amor ao tirano é puro cagaço enfeitado

146. No dia em que eu aparecer fuçando a vida privada de alguém para fazerlhe a caveira, podem ter certeza: Pirei.

147. Tanto os cristãos entre os judeus, quanto os judeus entre os cristãos, sempre tiveram amigos e inimigos. Mas sempre são estes últimos que reduzem tudo a um estereótipo odioso.

148. Quando alguém vier com uma afirmativa e uma lista de provas, peça-lhe primeiro que as compare com as provas em contrário. Sem confrontação de hipóteses não existe busca da verdade, só fabricação de uma impressão.

149. Por falar em idolatria, e nem de longe pensando em Joãozitos ou Laurinditos, há uma coisa que tem de ser meditada seriamente nestes tempos de putinismo e obamismo. Onde quer que você veja num indivíduo a encarnação de forças histórico-cósmicas suprapessoais e vagamente sobre-humanas, e em razão disso sinta algum temor ou respeito por esse indivíduo, você está em pleno culto idolátrico, mesmo sem ter consciência disso. TODA impressão desse tipo é enganosa e é criada propositadamente mediante poses, mentiras e truques, às vezes de uma sordidez indescritível. Todo ser humano é apenas um ser humano. E todo poder que um homem encarne é, ou a expressão clara de virtudes divinas infundidas, que devem se traduzir na sua caridade, humildade e sabedoria pessoais da maneira mais nítida e inequívoca, ou então é apenas uma impressão de poder criada artificialmente para ludibriar multidões. É o poder da ilusão. O próprio Napoleão Bonaparte, ao falsificar os dados do plebiscito que o nomeou Imperador, confessava: “Poder é impressão de poder.” A Bíblia ensina: Da carne nada se aproveita.

150. Todos os tiranos que tentaram dominar o mundo pela violência juraram que com isso trariam o reino de Deus, “regnum tuum”. Napoleão e Hitler são os exemplos mais notórios, mas mesmo os comunistas, que no início se sentiam um pouco inibidos pela profissão-de-fé materialista, acabaram dando ares celestiais à promessa socialista por meio da “teologia da libertação”. Agora é a Rússia que vem com a bandeira da salvação universal a preço módico: a destruição de 3/4 da espécie humana. E nunca faltarão cristãos fracos que, cansados de viver só do Espírito, caiam na tentação de apegar-se ao homem forte do momento, e perecer junto com ele.

151. Em épocas remotas o homem podia oprimir a mulher, o forte oprimir o fraco, o adulto oprimir as crianças. O Estado moderno veio para aplanar as diferenças, mas o agente do Estado traz consigo a força de cem, de mil, de um número ilimitado de homens, e não há quem lhe resista. O reino da igualdade é o reino da desigualdade radical e invencível.

152. “Assassinato de reputações” não é um termo muito exato. “Character assassination” é melhor, precisamente pela ambigüidade da palavra “character”. Em geral a reputação que sofre mais é a do autor, não a da vítima. O objetivo real da operação é menos publicitário do que psicológico. O que se pretende destruir não é bem o prestígio da vítima, mas a sua psique, a sua mente. O mecanismo é muito simples, remonta a reações da psique infantil. Quando você sofre uma ofensa brutal, incompreensível e muito superior à sua capacidade de obter uma reparação, toda a existência começa a lhe parecer absurda e, numa reação instintiva de autodefesa cerebral, o seu senso de justiça se inverte e você começa a se culpar a si mesmo, restaurando uma aparência postiça, mas anestésica, de ordem e racionalidade. Foi por isso que muitas vítimas de “character assassination”, como o célebre Alceni Guerra e o ex-presidente Collor de Mello, recuaram para a obscuridade em vez de defender bravamente seu lugar na cena pública. A perversidade incalculável do ardil ultrapassa em geral a compreensão da vítima, que em busca de um reajuste psicológico imediato, sacrifica tudo no altar do nada. Collor somou a essa reação a síndrome de Estocolmo, tornando-se amigo e servidor dos seus algozes. É tudo um joguinho sujo para destruir mentes fracas. Um dia espero fazer um hang-out com o dr. Romeu Tuma Jr. explorando esse aspecto da questão.

153. Se a filosofia fosse apenas afirmar teses universalmente válidas, bastaria ler o Catecismo. Acontece que, se você não chega às teses universalmente válidas por meio de uma imersão profunda na confusão em torno e da progressiva superação dos enganos não só intelectuais mas existenciais, pouca diferença haverá entre a sua filosofia e um CD player tocando uma gravação do Catecismo. Confesso que meus conhecimentos da língua alemã são insuficientes para fazer apreciações estilísticas: mal posso distinguir no original, esteticamente, entre Goethe e um anúncio de salsichas. Para fazer essas distinções numa língua estrangeira, só tendo alguma prática de ESCREVER nela.\\ Infelizmente, nem todos os que aprendem essa língua captam essa sutileza. Aprendem a pedir um sanduíche num bar e já se consideram críticos literários. Mesmo em inglês ainda me vejo incapaz de apreender certas diferenças de qualidade. O fato é que nunca vi um filósofo alemão dizer algo de tão profundo que fosse intraduzível. Talvez os poetas, Stefan George ou Rilke. Se você não ama a língua pátria com paixão, não escreva nela. Ou melhor: não escreva nada nunca.

154. Por que, meu Deus, por que um homem de estudos não pode percorrer todas as correntes de pensamento filosófico, político e religioso, sem prevenção contra nenhuma, e reconhecer a cada uma a sua parcela de veracidade, sem que aqueles que a odeiam procurem fazer dele o porta-voz dessa corrente em especial e passem a combatê-lo como tal? No Brasil, realmente não pode. É que cada um em volta só conhece uma corrente e a sua oposta, consistindo toda a sua atividade mental em excitar-se com elas entre espasmos de amor e ódio, e imagina que nada existe no mundo fora esse jogo insensato. Foi assim que me tornei, aos olhos de tantos, católico tradicionalista e sionista infiltrado, liberal e fascista, gnóstico e muçulmano e sei lá mais quantas coisas. Petre Tsutsea numa prisão comunista, explicando Husserl para uma platéia de ladrões e assassinos analfabetos, encontrava mais compreensão.

155. René Guénon tem razão em quase tudo o que diz, mas a perspectiva metafísica que ele adota é sempre a da universalidade pura, na qual os fatos particulares se dissolvem como meros exemplos de princípios gerais. Ele simplesmente não entende a Encarnação. E não entende que a simples existência do universo não é uma lei universal e sim um fato singular. Um dia vou escrever mais sobre isso.

156. Se nunca ensinei a doutrina cristã, porque reconheço a minha imensurável ignorância teológica, adquiri no entanto, como especialidade pessoal, a habilidade de remover obstáculos à fé cristã, e de fazê-lo não mediante “argumentos”, o que seria propriamente a apologética, mas sim mediante análise introspectiva, escavando os erros dentro de mim mesmo e descobrindo a que falsas necessidades existenciais eles respondiam.

157. Definitivamente: O Brasil É a sociedade antropofágica, canibal, empenhada em devorar os filhos que fazem algo por ela. Sempre foi assim. O próprio fundador do país, José Bonifácio, foi expulso. Por que deveria eu, ou qualquer outro, esperar um destino melhor?

158. Sonho-piada. Às vezes me acontece. Esta noite sonhei que fui ao médico tratar do meu pobre dedão do pé esmigalhado, meses atrás, sob um pesadíssimo arquivo de madeira. O doutor examinou a desgraça e sentenciou: — O senhor tem de parar de fumar. Respondi: — Por que? A fumaça vai atrair um segundo arquivo?

159. Só Deus manda no mundo. Mas tem cada vez mais concorrentes.

160. Conversão” é aderir a uma religião abjurando as outras, por considerá-la a mais verdadeira ou a única verdadeira. Isso é cem por cento incompatível com a perspectiva da “unidade transcendente das religiões” ensinada por F. Schuon. A teoria é por sua vez inteiramente correta e, creio, irrefutável. Levei décadas para perceber que tinha limitações fatais que não a impugnavam, mas tornavam inviável qualquer caminhada ESPIRITUAL (não intelectual) baseada nela. Revelar os podres ( reais ou fictícios ) de alguém a quem devemos ensinamentos é cair na maldição de Cam. A Igreja ensina que nesses casos é preciso antes ocultar e encobrir. Foi por isso que jamais participei da temporada de caça ao prestígio de F. Schuon, mesmo depois que este me prejudicou gravemente. É um conceito totalmente diferente. Designa uma transformação interior DENTRO de uma mesma caminhada religiosa, a passagem da alma de um estágio a outro. Só Jesus Cristo em pessoa pode fazer isso. As religiões, não. NÃO quer dizer que no céu haja um templo Seicho-No-Iê ao lado de uma tenda espírita, fazendo esquina com uma igreja do Bispo Macedo. A Igreja ensina que, de um modo ou de outro, por vias surpreendentes e incompreensíveis, a santificação está ao alcance de todos.

161. Há um capítulo de autobiografia intelectual que já mencionei às vezes em aula, mas que deve ser registrado por escrito porque sem ele fica difícil entender o sentido de tudo quanto tenho procurado fazer. Aos quinze anos, mais ou menos, eu estava decidido a ser um escritor, mas, ao contrário da quase totalidade dos escritores juvenis do mundo, sabia que durante muitas décadas à frente não teria nada para escrever que merecesse ser lido. Por maiores que fossem as minhas ambições, eu estava claramente consciente de ser apenas um bocó sem cultura nem experiência da vida. Portanto, o que havia a fazer não era escrever nada, e sim adquirir essas duas coisas. Mas também me parecia claro que elas eram, no fundo, a mesma coisa. Se a cultura consistisse apenas de “idéias” e a experiência fosse apenas um amontoado de fatos impenetráveis e mudos, nada haveria para escrever que tivesse a menor relação com os fatos e que não fosse, portanto, apenas a demanda de atenção de uma subjetividade presunçosa. O que era necessário era procurar a experiência na cultura, e vice-versa. Daí por diante, procurei fazer com que cada etapa dos meus estudos fosse também uma experiência vivida, uma participação consciente nos fatos. Por isso, quando o que eu estudava era o marxismo, entrei para a militância esquerdista. Quando comecei a ler os classicos do teatro, fui aprender a arte do ator com Eugenio Kusnet, Quando o assunto era psicanálise, me submeti a umas oito modalidades diferentes de análise e psicoterapia. Quando minha atenção foi despertada para o mundo das religiões comparadas e do esoterismo, entrei para uma tariqa. E assim por diante. Em todos esses casos, a participação não era uma “adesão”, mas uma simples “suspension of disbelief” temporária, na qual eu me abria a sentimentos e pensamentos contraditórios, sem nada julgar mas esperando que o acúmulo de experiência, pelo jogo mesmo das contradições, fosse aos poucos se condensando num universo pessoal de conclusões que merecessem ser escritas ou transmitidas de algum modo, o que começou a acontecer quando eu ia chegando à fronteira dos cinqüenta anos. Tudo o que eu possa ter dito ou escrito antes — que procurei ao menos conservar discreto, ou sonegar totalmente a um público maior — foi mero exercício escolar e nunca lhe dei o minimo valor. Nem mesmo como “documento” de uma evolução interior que esse material só testemunhava de maneira muito fragmentária e disforme. Não por coincidência, fui descobrindo que essa abertura às contradições do ambiente mental em torno estava na raiz mesma de toda atividade filosófica que, como ensinava Aristóteles, tomava sempre como ponto de partida as diferentes opiniões dos sábios. Creio que, sem essa experiência, toda filosofia não passará jamais de uma argumentação em defesa de convicções juvenis e não será filosofia de maneira alguma. Por isso é que me parece cômico algum observador externo pegar documentos de vinte, trinta anos atrás e interpretá-los como expressões do meu “pensamento”. Nada do que escrevi ou disse antes de “A Nova Era” e “O Jardim das Aflições” merece atenção. Se eu achasse que merecia, teria lhe dado maior divulgação como dei a esses dois livros. A lista de “influências recebidas” que coloquei na página do Seminário dá uma ideia da variedade de experiências culturais e existenciais a que me submeti, sem evitar jamais as contradições e dificuldades. Fico deprimido quando vejo moleques de vinte anos já inchados de convicções definitivas, dispostos a matar, mas quase nunca a morrer por elas.

162. Há dias já desisti de desmentir essas histórias uma por uma, já que a quantidade delas ultrapassa a capacidade de resposta de qualquer ser humano. Mas isso não me impede de continuar perguntando o porquê dessa onda de intrigas, decerto a maior que lá se levantou contra alguém no Brasil. Ao longo de uma vida onde não faltaram combates, inclusive contra duas organizações quase clandestinas — as tariqas de Idries Shah e Frithjof Schuon –, é claro que fiz alguns milhares de desafetos que guardaram suas raivinhas durante vinte, trinta ou quarenta anos, à espera de uma oportunidade de vingança. Mas essas criaturas não teriam tido a ousadia de vir para fora das suas tocas, mesmo anonimamente, se alguém não se dedicasse ao complexo trabalho de descobri-las uma por uma e persuadi-las por qualquer meio a colaborar num empreendimento organizado de assassinato de reputação. E, obviamente, ninguém se dedicaria a isso se não tivesse motivos para fazê-lo, isto é, se não estivesse envolvido em algum projeto que exigisse, como condição do seu sucesso, a remoção da minha pessoa do cenário público. Ora, de todas as pessoas envolvidas na operação, só três atendem a esse requisito. Logo direi quais são, e quais interesses as movem. As demais são todas idiotas úteis que, como é típico, não têm a menor idéia de para quem são úteis. No devido tempo darei maiores esclarecimentos. O ponto central é que a consolidação da ditadura petista no poder já não é coisa do exclusivo interesse de “esquerdistas”, mas se tornou matéria de urgência para o governo russo, que necessita de todo apoio internacional possível para operações de larga escala que planeja lançar nos próximos meses. Logo, para saber quem está por trás da merda toda, é só averiguar quais dos envolvidos têm uma ligação direta com os agentes de desinformação russos mais ativos no Ocidente. A maioria dos fofoqueiros não tem a menor idéia do que está em jogo na operação criminosa da qual participam alegremente. Curiosamente, a coisa toda é no fundo um equívoco. Os cérebros por trás de tudo estão REALMENTE enganados quanto à minha pessoa e a minha função no quadro. Acreditam realmente que tenho conexões com grupos sionistas e sauditas e que toda a minha atuação faz parte de um plano estratégico internacional. Acreditam nisso porque a tanto foram levados por informantes locais um tanto imaginativos.

163. Ter a vida vasculhada por intrigantes sequiosos de escândalos é uma das experiências mais deprimentes que alguém pode passar. Por mais forte que você seja, algum dano na alma sempre resta.

164. Quase meio século atrás ganhei de meu pai uns lotes de terra na Ilha Comprida, Iguape, SP. Uns vendi, outros deixei por lá. Nunca voltei ao local. Estão com impostos atrasados, porque a Ilha Comprida fica um tanto longe da Virginia. Acreditem: até isso os Velhacos estão investigando para denunciar como se fosse um pecado que brada aos céus. O zelo deles pela Casa do Senhor é admirável.

165. Momentos inesquecíveis: O prof. Grisi às vezes dava aulas peripatéticas, caminhando pelo Parque D. Pedro II e nos ensinando a classificar as árvores e as flores, que então as havia ali de montão. Um dia ele estacionou de repente na frente de uma flor, que não lembro mais qual fosse e, abrindo os braços teatralmente, gritou: — Não toquem nesta flor! É uma raridade! E nos explicou a tal da flor. Continuamos, e vários metros adiante apareceu um aluno japonesinho que chegara atrasado na aula, correndo para nos alcançar, trazendo a flor na mão, todo feliz como se tivesse descoberto a América: — Professor, professor! Veja só o que eu achei! O professor fez a cara mais diabólica do mundo e, diante do japonesinho perplexo e aterrorizado, gritou: — Seu filho de uma puta! Reprovado! Reprovado este ano e o ano que vem! Depois, é claro, esqueceu tudo e aprovou o japonesinho.

166. Esses sujeitos parecem doidos, mas são muitos mais doidos. O sr. Luís Gonçalves Jr. jura que há várias senhoras, catoliquíssimas, tomando a comunhão todos os dias na intenção de que Deus dê cabo da minha reputação. Comunhão anti-reputação é sem dúvida a maior invenção desde o advento do papel higiênico em rolos.

167. Aquelas pessoas boníssimas estão dizendo que ensinei a doutrina cristã errado. Mas eu NUNCA ensinei doutrina cristã. Tirar de uma criança o medo da matemática é psicologia, não é matemática. Levar alguém à missa não é rezar missa. Do mesmo modo, remover obstáculos culturais que afastam a pessoa da fé cristã não é ensinar a fé cristã. Sei o meu lugar, conheço os meus limites. E só obtenho resultados porque não vou além desses limites. Tarefas mais altas são para os Epidídimos e Velascos, vocês não acham?

168. Mas ainda acho que o Schuon foi grande na sua defesa do caráter iniciático dos sacramentos cristãos, contra o Guénon que os via como meros “ritos de agregação”.

169. Seria ótimo se essas almas cristianíssimas nos ensinassem como fazem para crescer na caridade e na humildade.

170. Só agora fiquei sabendo que no ano passado meu ex-professor de Biologia, Décio Grisi (o melhor professor que tive no ginásio, ao lado do de Latim, José Hildebrando Bretas), foi homenageado, já quase centenário, na Câmara Municipal de São Paulo. Era um homem doidão e genial. Saudades, professor!

171. Os filósofos existem por um só motivo: a hipótese de um discurso coletivo e uniformemente repetível alcançar a verdade das situações humanas reais e concretas é praticamente nula. Só a consciência individual tem mobilidade e autocontrole crítico para isso. Mesmo a Palavra de Deus, se repetida com automatismo e não reavivada em cada consciência — com todo o risco que isto envolve –, perde significado ou se perverte no seu oposto. As almas covardes têm medo da solidão cognitiva e buscam apoio num consenso grupal ou coletivo. Essa segurança NÃO EXISTE. Ela é “o mundo”, no sentido bíblico: um dos inimigos da alma. O dever de conhecer é individual e intransferível. Toda a nossa civilização começa no alto da Cruz, onde a Verdade, encarnada num só, era achincalhada por todos e negada até pelo chefe dos seus apóstolos. Não há Imitação de Cristo onde não se aceita a carga da verdade solitária.

172. Eu tenho vergonha de falar com ares de condescendência paternal até com crianças de cinco anos. Falo com elas no tom em que falo com todo mundo. Garotos de vinte anos usando daquele tom com um velho de 67 é algo que só encontra paralelo no filme “Zellig”, em que o maluco, em consulta com a psiquiatra, imagina que o psiquiatra é ele.

173. É normal a obra de um escritor ser julgada por outros escritores, mais tarimbados. É normal até, embora não muito elegante, que estes falem dele com uma certa condescendência paternal, elogiando-se implicitamente em dobro quando nele reconhecem alguma qualidade. Mas no Brasil esse julgamento, nesse tom, vem de jovens sem obra nem passado, muitos deles incapazes de escrever três linhas sem quatro erros de português. O talento brasileiro de viver de afetação e fingimento é um prodígio que até hoje os estrangeiros não souberam apreciar com o devido fascínio.

174. Ninguém ligado direta ou indiretamente à KGB tem o menor direito de levantar a voz contra “a corrupção do Ocidente” enquanto não confessar meticulosamente as operações da própria KGB destinadas a fomentar essa corrupção durante décadas. “Fomentar a corrupção e denunciá-la” ainda é a norma vigente. E, se alguns colaboram com isso dizendo fazê-lo em nome de Jesus, esses são os piores de todos.

175. Um detalhe importante: esses sujeitos passaram meses, ou anos, ciscando o meu passado remoto, revirando arquivos e consultando antigos desafetos meus, para compor uma enciclopédia de acusações e despejá-la na internet. Eu precisaria de meses para responder ponto por ponto, e eles sabem disso. Tapar a boca da vítima com um bombardeio incessante de cobranças e insinuações é o mais típico procedimento do difamador premeditado. Quem quer que tenha colaborado com isso — inclusive aqueles que, fingindo neutralidade, se prevalecem do cerco para lançar desafios “intelectuais” extemporâneos a quem já está sobrecarregado — está fora da vida intelectual e inscrito no banditismo de uma vez para sempre, exceto em caso de arrependimento sincero.

176. Até agora o Pe. Kramer não respondeu às minhas perguntas. Subscrever acusações sem ouvir o acusado deve-lhe parecer, portanto, coisa muito natural e justa. 177. No momento em que um autor é acusado de tudo quanto é crime e não tem sequer meios de defender-se contra tantos ataques simultâneos, quem apareça em público fazendo-lhe críticas intelectuais com pretensões de seriedade, como se ele pudesse esquecer o assédio e dedicar-se tranqüilamente a belas discussões filosóficas, só pode mesmo ser um palhaço. Se você não enxerga o momento e a situação, você é imaturo demais para qualquer atividade intelectual séria.

178. Excetuados alguns crimes imaginários, que se fossem reais me teriam rendido uns trinta processos, tudo o de que os duguinistas me acusam é ter feito, no passado, coisas parecidas ou idênticas àquelas que o seu mestre faz no presente. O velho “xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz” continua em ação.

179. Esses sujeitos são tão loucos e perversos que provavelmente me enxergam como um concorrente a ser eliminado. São penas de amor perdidas: eu NÃO QUERO ser o Schuon quando eu crescer.

180. Duguin é o Schuon com verba estatal.

181. Cristo é a única “unidade transcendente”. Todas as outras são política, nada mais.

182. Só o cristianismo é absoluto. Tudo o mais é relativo.” (Petre Tsutsea)

183. Os duguinianos, schuonianos e similares, se querem assassinar minha reputação, só têm ( e sabem que têm) um ponto fraco por onde me pegar: ter sido um deles. Onde quer que me acusem, acusam-me precisamente disso, e com razão, mas sem perceber que se acusam a si próprios muito mais. Acusam-se de perseverar no erro que superei mais de uma década atrás.

184. Já passei pela “unidade transcendente das religiões” e, a duras penas, cheguei a compreender as suas limitações fatais. Não antes, se bem me recordo, de 2002 ou 2003. Aí notei que “as religiões” podem convergir nas suas doutrinas metafísicas o quanto queiram, isso jamais terá nada a ver com a salvação ou a santificação. Há galáxias de diferença entre tudo isso e a ação direta do próprio Deus no mundo. Todos os esoteristas schuonianos-guénonianos-duguinianos, reunidos, não podem fazer um só dos milagres do Pe. Pio. Daí sua necessidade de juntar forças para criar um poder terrestre que, ante as massas, dê a impressão de coisa divina, pelo tamanho e pelo temor que inspira.

185. Os homens são fracos porque são cegos e não sabem o que vai acontecer.” (Dimitri Merejkovski)

186. O CORPO DE CRISTO JAMAIS É REPRESENTADO COMO ESQUELETO. ESSA IMAGEM, POR SI, É A NEGAÇÃO RADICAL DE TODA A DOUTRINA CRISTÃ. CRISTO NUNCA FOI NEM NUNCA SERÁ UM ESQUELETO SEM CARNE.

187. Se eu tivesse notado mais cedo a imagem de Satã como “Rei dos Reis” na página do sr. Velasco, nem precisaria ter perdido meu tempo defendendo-me de falsas acusações. O que quer que ele dissesse, bastaria a mim devolver-lhe essa imagem, com o recado: “Não falo com você nem com o seu amo.”

188. Derrotados no campo do confronto intelectual, passaram ao do assassinato de reputação. Resta apenas ver quando, fracassado este segundo recurso, passarão aos “métodos tradicionais”, como os chama o sr. Velhaco.

189. Coloquei várias perguntas para o Pe. Kramer na página dele. Ele me respondeu xingando-me em latim.

190. Os cristãos no mundo foram levados a um beco sem saída: ou apegam-se às liberdades democráticas do mundo ocidental e têm de aceitar com elas as propostas gayzistas, abortistas etc, que acabarão com essas liberdades mais cedo ou mais tarde, ou caem sob o domínio da ditadura russa. Cada dia que passa, sua possibilidade de uma iniciativa independente se estreita. Mas ainda há tempo.

191. al como fiz com Edson Manoel de Oliveira Filho e Maria Elisa Ortenblad, que desmentiram imediatamente as afirmações dp sr. Luis Gonçalves Filho, enviei ao sr. Luis Pellegrini, meu sócio na Zipak, a seguinte mensagem: Prezado Luís, Há tempo que não nos vemos e é triste entrar em contato agora para falar de um assunto deprimente, mas um tal sr. Luís Gonçalves Júnior anda espalhando que você me acusou de roubar dinheiro da Livraria Zipak. Não acredito que você tenha dito uma coisa dessas, mas, como estou perplexo com a difamação, que envolve nós dois, preciso de respostas explícitas a estas perguntas: (1) Você conhece essa pessoa? (2) Disse o que ele o acusa de ter dito? Desculpe incomodá-lo, mas a atitude do sujeito é grave e não posso deixá-la sem resposta. Um abração e os melhores votos do Olavo de Carvalho.

192. Sempre tive o maior respeito e admiração pelo pessoal do Fatima Center, e ainda acho que sua longa luta pela consagração da Rússia tem de ser apoiada incondicionalmente. Mas, a partir do momento em que esse movimento, tão desprezado, marginalizado, humilhado e perseguido, se coloca sob as asas da Rússia não-consagrada, só posso compará-lo à mulher honesta que, abandonada e desamparada, acaba se corrompendo e se entregando ao primeiro bandido que lhe oferece proteção.

193. Assim como Hollywood chegou à conclusão de que a maioria do povo é cristã, o Silvio Santos poderia bater a Globo com novelas cristãs. Alguém aí pode levar a ele a sugestão?

194. Quando entrei na tariqa do Schuon, não estava, é claro, como aliás a maioria ali também não estava, buscando “outra religião”, o que no contexto esotérico não faz o menor sentido e é só objeto de riso, mas em busca de uma compreensão mais profunda da vida espiritual, independentemente de preferências confessionais. Este era o objetivo mesmo da tariqa, reiteradamente proclamado pelo próprio Sheikh. Não nego que foi só graças a Schuon (e Guénon, é claro) que finalmente compreendi ser o cristianismo uma ciência — a ciência das ciências, a “ciência da Cruz”, como dizia Edith Stein — e muitas outras coisas, mas também compreendi que a “unidade transcendente das religiões” se referia unicamente à identidade das doutrinas metafísicas das várias religiões e, nesse sentido, na prática não tinha NADA a ver nem com a salvação da alma, nem com a santificação.

195. Ninguém deve jamais subestimar a capacidade da KGB de infiltrar seus colaboradores — voluntários, chantageados ou forçados — nos altos postos de todas as nações e instituições, de modo a fazê-las tomar atitudes autodestrutivas que possam ser aproveitadas, seja em benefício direto dos objetivos da KGB, seja como tema de propaganda contra essas nações e instituições. Ninguém entenderá nada da política mundial se não tiver sempre em mente que a KGB FOI E É (sob mais um dos seus inúmeros nomes) A MAIOR E MAIS PODEROSA ORGANIZAÇÃO DE QUALQUER TIPO QUE JÁ EXISTIU NO MUNDO. Quando, por exemplo, o cardeal Bertone proclamou que a consagração solicitada por Nossa Senhora em Fátima Já tinha sido feita, imediatamente começou a campanha para impor a Rússia como salvadora da cristandade — a maior farsa religiosa de todos os tempos. Mas a hipótese oposta também serve. O Pe. Kramer, segundo o qual a consagração não foi feita, não hesita agora em alardear como um maravihoso acontecimento a destruição de 2/3 da humanidade, sob a justificativa de que SÓ ENTÃO virá a consagração e — prestem atenção, é expressão literal dele — “a Rússia será salva”. A Rússia, não a humanidade. Se a consagração foi feita, a Rússia tem agora o cetro de Cristo nas mãos. Se não foi, então morra a humanidade para a salvação e glória da Santa Rússia,

196. “A filosofia é o professor que conduz a Cristo”, ensinava Clemente de Alexandria. Sim, mas se quando você sente que descobriu o Cristo você acha que agora pode achincalhar o professor, você comete um dos CINCO PECADOS QUE BRADAM AOS CÉUS e cai para um estado pior do que estava quando começou a aprender.

197. Trinta anos atrás eu achava lindo comparar simbolismos e doutrinas metafísicas das várias religiões. Hoje entendo que isso é um diletantismo estético ou, na melhor das hipóteses, uma especialidade acadêmica na área de História e ciências humanas. E não tem NADA a ver com espiritualidade. Absolutamente NADA. A espiritualidade começa aqui: Mateus, 11: 2-6. Ou você faz o que Cristo fez, ou simplesmente não me amole com a sua linda espiritualidade. Nunca vi as preces de um desses muitos “mestres espirituais” curarem um resfriado, uma hemorróida. ou infundir bondade nas almas. Só vi presunção, sujeira, mentira. Metafísica é o conhecimento teórico da estrutura da realidade, e só. Não leva ao céu nem ao inferno. A perspectiva da salvação NÃO É um consolo de segunda classe concedido aos ignorantes. É a ÚNICA perspectiva que existe para o ser humano.

198. O prof. Mauro Abranches adverte, com razão, que qualquer nome de pessoa que apareça na lista de agentes e colaboradores da KGB-STP não deve ser denunciado em público sem muitas investigações complementares, pois alguns dos ali citados não foram agentes pagos nem colaboradores voluntários, mas indivíduos forçados a colaborar com a polícia política sob chantagem ou ameaça. Cada caso tem de ser estudado separadamente.

199. Também há outro ponto a considerar na perspectiva do Pe. Kramer. Ou a Rússia mata 2/3 da humanidade e em seguida recebe um prêmio de Nossa Senhora por esse lindo gesto, ou vai para o beleléu junto com os 2/3 e aí já não haverá uma Rússia para ser consagrada