Palavrões

27 de agosto de 2013

Guardadas as devidas proporções, os palavrões que uso têm a mesmíssima função das gárgulas no exterior das catedrais góticas: assustar os demônios e só deixar entrar quem vem com boa intenção. Os fariseus não passam da porta.

Thiago Moraes Palavrões diante de desonestidade e de mazelas evidentes é CARIDADE, professor. O problema é que o mindinho esquerdista politicamente correto noa impõe que dizer palavrões é perder a razão, independente se seu discurso é lógico, crível e honesto. Quer dizer, o que vale é a aparência e polidez, e não a essência e consistência dos argumentos.

Olavo de CarvalhoThiago Moraes É isso ai. Mandar certos sujeitos tomarem no(s) cu(s) é uma maneira de informar-lhes que frescura não entra.
Marie Simone Sandy Há alguma outra opção para as moças?
Olavo de Carvalho Marie Simone Sandy : Não. Na vida intelectual a igualdade dos sexos reina mais do que poderia exigi-lo a mais furiosa das feministas.
José Eduardo Bruno Olavo, dependendo da pessoa, vc tem que mudar o calão, pois se o cara , além de idiota e imbecil, for viado, ele vai adorar vc mandar ele tomar no cú…!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Olavo de CarvalhoJosé Eduardo Bruno Nesses casos troco a ordem por uma proibição.
 Umberto Macedo cada qual tem sua maneira de se expressar e colocar seus entendimentos… Olavo tem sua maneira, honesta… padre Paulo Ricardo, na mesma linha, guardadas a devidas proporções, fala a sua maneira… entre tantos por aí… criticar pessoas honestamente intelectuais pela forma que se expressam, por mais que usem palavras nada ortodoxas, não são pessoas com boas intenções… veja o caso da maioria dos políticos que são politicamente corretos mas suas ações não são nada ortodoxas… por isso fico com Olavo, padre Paulo Ricardo…
Olavo de Carvalho Umberto Macedo O Pe. Paulo sempre compreendeu o sentido dos meus palavrões, e acha que são boa tática.
Geraldo Ribeiro Seria como esperar que Diógenes, o cínico, não carregasse a lanterna em pleno dia.
Olavo de Carvalho Geraldo Ribeiro : É a velha mania brasileira de explicar por alguma compulsão grosseira uma conduta que pode ter motivos um pouco acima da compreensão vulgar.

Cristianizar

Provavelmente a idéia do Putin é cristianizar o mundo sob a hegemonia ortodoxa. É um velho sonho dos nacionalistas russos, entre os quais Soloviev e Dostoiévski. Se a Igreja Católica continuar cedendo terreno, adiando para o Dia de São Nunca a consagração da Rússia, essa parecerá ser a única saída viável para quem não quer nem comunismo, nem islamismo, nem globalismo à Rockefeller. Não deixa de ser interessante notar que, extinta a credibilidade do marxismo, a elite russa voltasse a se apegar aos velhos profetas do tzarismo. Um dia desses o Putin vai se coroar tzar, e todos os russos o aplaudirão.

João Paulo II fez uma consagração parcial, atenuada e imperfeita. Em vez da conversão da Rússia ao catolicismo, o que veio em resposta foi o ressurgimento da Ortodoxia como aspirante a religião mundial. É melhor que o comunismo, mas está infinitamente abaixo do que Nossa Senhora prometeu em Fátima.

Há muita gente orando para que o novo Papa faça a consagração, mas o que é preciso é exigir, pessoalmente e cara a cara, que ele a faça. Falta uma nova Santa Teresa para espremer o Papa na parede e dizer-lhe “Seja homem”.

Não há nenhuma contradição entre amar o Papa e passar-lhe um pito.

Carlos Vargas Professor Olavo de Carvalho, salvo engano, a Consagração precisa ser feita em TERRITÓRIO RUSSO. Ou não?

  
Carlos Vargas O fato de ser em território russo, infelizmente, coloca a Igreja num embaraço, pois o antigo regime proibiu João Paulo de fazer qualquer ato na Rússia, e atualmente temos essas pérolas do Putin.

Olavo de Carvalho Carlos Henrique Vargas : Não. O que é preciso é que seja consagração DA RÚSSIA (e não “do mundo” como fez João Paulo II) e seja feita pelo Papa simultaneamente com todos os bispos do mundo.
Leonardo Pratas Crendo que talvez eu não tenha colocado bem minha pergunta, permita-me explicar melhor: Eu entendo que o senhor, como bom católico-Romano, crê que o verdadeiro Cristianismo esta presente no catolicismo-Romano, porém, qual sua opinião sobre a Fé Cristã Ortodoxa no Oriente?

Olavo de Carvalho Leonardo Pratas “A Igreja Católica reconhece todos os sacramentos oficiados pela Igreja Ortodoxa. Nao há como desconsiderar esta [última.
Olavo de Carvalho Thiago Bouzan : O Espírito Santo nos vem do Pai ou do Pai e do Filho como reza o Credo católico? Tudo começou com essa divergência teológica.
Olavo de Carvalho Marta Serrat : Há muitos fiéis longe da Igreja porque está cada vez mais difícil encontrar uma Igreja aberta; e quando está aberta está cheia de comunistas. A corrupção não começou entre os fiéis, mas, como anunciou Nossa Senhora em La Salette, veio de cima, dos purpurados.
Rafael Volpato Faltam quatro anos para o centenário de Fátima. Quando penso nisto, lembro do pedido de Jesus em junho de 1689, através da Santa Margarida Alacoque, ao Rei Luis XIV, para que **consagrasse** a França ao seu Sagrado Coração e colocasse o seu coração nos estandartes franceses. O pedido não foi cumprido. Cem anos depois (1789) **muito sangue derramado**. Passou da hora da Consagração da Rússia ser realizada, conforme solicitado em Fátima.

Olavo de Carvalho Rafael P. Volpato : Nossa Senhora é a mão da misericórdia, Se você a rejeita, não pode reclamar do que vem depois.
Olavo de Carvalho A França é a monarquia, e a monarquia é a Igreja. A República, desde a Revolução, veio de fracasso em fracasso até à abjeção total. Se eu fosse francês, seria monarquista.

Olavo de Carvalho No Brasil, a monarquia foi menos corrupta e menos autoritária do que a República que se lhe seguiu. Mas foi sempre inimiga da Igreja, e deu no que deu.
Rafael Volpato A promessa de Jesus era a vitória sobre todos os inimigos e o triunfo da Igreja. Conta a história que o Rei Luis XIV fez a consagração na prisão, quando se recordou do pedido, mas já era tarde. Foi guilhotinado. É o destino daqueles que recusam a misericórdia de Deus.

Olavo de Carvalho Por isso é que não posso ser monarquista no Brasil, malgrado minha simpatia pelo D. Bertrand.

Carlos Vargas Professor, o Pr. Silas Malafaia disse que os EUA são a maior democracia do mundo e, alegando que é o país mais protestante do mundo (terceiro mais católico atrás do Brasil e México). Ainda podemos dizer que os EUA são a melhor república que já existiu?

Olavo de Carvalho Carlos Henrique Vargas : De maneira nenhuma. A democracia está em extinção nos EUA.
Olavo de Carvalho Carlos Henrique Vargas : Foi pelo menos a mais estável. As igrejas protestantes têm algum mérito nisso, mas não por serem protestantes doutrinalmente, e sim apenas pelo fato de serem independentes umas das outras, o que obrigava o Estado a respeitar a liberdade de todas, inclusive da católica, Mas isso está acabando rapidamente.

Olavo de Carvalho Programas acadêmicos já vêm impressos em papel higiênico.

Carlos Vargas Antes da fundação da Federal Reserve (1913), parece que os EUA tinham mais de 1200 bancos, mas tudo virou uma terrível oligarquia banqueira globalista. Correto?

Olavo de Carvalho Aliás, financeiramente os Rockefeller estão falidos há décadas.

Luciano Villarim Mendes Professor Olavo de Carvalho.Considerando as colocações sobre Putin e a Igreja Ortodoxa, hoje podemos afirmar que a Rússia não mais retornaria ao comumismo e hoje, como os Russos enxergam essa “onda vermelha” na América Latina?

  
Carlos Vargas Eu li que Thomas Jefferson profeticamente alertou sobre esse perigo oligárquico; contrariando que futuramente criassem um banco centralizado.

Olavo de Carvalho Rafael P. Volpato : Não sou um juiz abalizado de profecias. Espero a Igreja se pronunciar.

Olavo de Carvalho Luciano Mendes : Não a aprovam doutrinalmente mas esperam tirar proveito dela como instrumento de anti-americanismo. Isso fica bem claro nas falas do Duguin.

Notas Agosto 2013

200. Era só o que me faltava. Vocês lembram de um professor de História, Gustavo não sei das quantas, que ficou brabinho quando eu lhe disse algo que todo historiador sabe, que o tráfico islâmico de escravos (inclusive brancos) foi imensamente maior do que o tráfico atlântico? Indiquei-lhe uns livros, mas ele argumentou que não lia francês nem inglês. Pois agora ele está me exigindo, como se fosse um dever de honestidade, a adesão ao negacionismo do Holocausto. Ou confesso que seis milhões de judeus não foram assassinados pelos nazistas, ou sou um vigarista completo. Que é que eu devo fazer? Chamar a mãe dele é inútil, tendo em vista a Lei da Palmada

201. HISTERIA: No meio comunista, como entre os mafiosos, os signos de amor e respeito aos membros mortos da comunidade são sempre mais enfáticos do que entre os seres humanos comuns. Especialmente o amor e respeito a quem não presta. Cada um ali, especialmente entre os piores, é uma pessoa maravilhosa, uma estrela que brilha, um sol imortal no firmamento, alguém cuja ausência abre um rombo no cosmos. Nenhum santo, sábio, herói ou profeta mereceu tantas lágrimas no seu enterro quanto Stálin ou Kim Jong-il. Cascatas de pranto rolaram por dias e dias, nas ruas e nas praças. Às vezes o sujeito nem precisa morrer para ser alvo de tais efusões de sentimento. José Dirceu não pode chegar perto de Fidel Castro sem chorar. A exaltação confunde-se, não raro, com a adoração pura e simples. As multidões que fazem fila para receber de Lula a salvadora imposição de mãos, o espetáculo grotesco da esquerda inteira pedindo a beatificação do medíocre Herbert de Souza, explicam perfeitamente bem por que Altmans e Magnavitas não podem ler um simples elogio à minha pessoa sem gritar “Idolatria!” Só genocidas como Stálin, ou genocidas-estupradores como Mao, sádicos assassinos como Fidel Castro e Che Guevara ou tiranetes vulgares como Hugo Chávez têm direito ao louvor, e este deve ser ilimitado, hiperbólico até o limite da insanidade. A inversão revolucionária corrompe até os sentimentos mais pessoais, os recantos mais íntimos da alma, consagrando o a perversidade como objeto supremo de amor e devoção.

202. Da série “Momentos inesquecíveis”: O velho Dorival Caymmi olha pela janela, enxerga no terreno ao lado a molecada envolvida em algo que lhe parece um troca-troca, e chama a esposa: — Stella, vem ver os meninos brincando de cu. (Copyright Stella Caymmi, a neta.)

203. Análise perfeita do Luis Pereira · “E’ facil ser mais vendido quando o livro ja nasce com a proposta encomendada de ser best seller e e’ comprado aos montes pela mesma elite maluca que sustenta o autor.” O texto diz que: O livro já nasceu com proposta ENCOMENDADA de ser best seller e que é comprado aos montes por uma elite maluca que sustenta o autor. O que é dito se trata de óbvia difamação… por um motivo simples: Falar que o livro já nasceu com o best seller encomendado e que ele é comprado por uma elite já é difamação, pois de forma ofensiva a imagem do professor diz que em conluio com uma elite qualquer, ele combinou uma forma de se tornar um best seller não pelas vias honestas. Uma elite só pode ser formada por poucos, e poucos comprando um livro para si mesmo não fazem um livro best seller. Ou seja, essa elite teria que comprar milhares de livros para torna-lo best seller. A segunda difamação é falar que o Professor é sustentado por uma Elite, o que é ofensivo por si só, já que o professor é sustentado pelo seu próprio trabalho como professor, escritor e jornalista e não por dinheiro dado por elite alguma.

204. Vejam só que ironia. Na minha última viagem à Bahia para dar cursos na UFBA e no Instituto Dante Alighieri ( do filósofo Romano Galeffi), creio que por volta de 1995, fiquei hospedado na casa dos Magnavita. Ninguém ali me achava retardado mental. Os filhos do filósofo, Dante e Elisa, ainda são queridos amigos meus, e o neto, Gabriel, é meu aluno no Seminário de Filosofia. O Magnavita está cercado de quintas-colunas olavistas.

205. Nos anos 70 tive minha atenção atraída pela questão astrológica, cujo debate envolvia gente de primeiríssima ordem como Raymond Abellio, Jacques Halbronn, Daniel Verney e tantos outros. Duas décadas de estudo do problema levaram-me às conclusões que expus nos cursos de astrocaracterologia no início dos anos 90, encerrando um ciclo da minha vida intelectual. Com apenas trinta anos de atraso, a turminha da USP, que na época desprezava o assunto, descobriu que tinha sido passada para trás e resolveu que isso não ficava bem. Então notaram que havia no meio deles alguém que conhecia a matéria, o prof. Amâncio Friaça, e trataram de “atualizar-se”. Nessas condições, o nível de abordagem que demonstram mal alcança as primeiras especulações de Jung a respeito; ainda é tosco, primitivo e até pueril em comparação com as análises que fiz naquele curso, as quais eles descobrirão dentro de mais apenas duas décadas e sairão ostentando como peculiar glória intelectual uspiana. 206. O prof. Alexander Duguin é infinitamente mais capaz, mais culto, mais inteligente, mais poderoso e, não obstante, MAIS HUMILDE do que essa escória uspiana. 207. Se a elite financeira mundial tivesse de estar lutando a todo momento por seus “interesses econômicos”, ela simplesmente não seria a elite financeira mundial e sim uma burguesia muito chinfrim ameaçada de extinção. Procurar um interesse econômico por trás de tudo é fantasia juvenil.

208. Sugestão para os católicos: 1) Organizar um dossier (pode ser uma página do Facebook) com dados sobre todos os padres e bispos que colaboraram com organizações comunistas, tudo muito bem documentado. 2) De posse desse material, enviar um abaixo-assinado ao Vaticano, com o maior número possível de assinaturas, pedindo que a excomunhão desses indivíduos seja reconhecida oficialmente. Isso é urgente. Se não limparmos primeiro a Igreja Católica, pouco poderemos fazer pelo Brasil.

209. Seja um estraga-prazeres. Mostre ao sujeito que ser quem ele finge ser tem um preço que não vale a pena pagar.

210. Debater idéias é bom com pessoas honestas que respeitam a nossa dignidade e querem conhecer os nossos argumentos. Gente que intimida alunos, suprime nossos meios de expressão, monta campanhas difamatórias, “ocupa espaços”, etc., tem de ser tratada sem dó nem complacência.

211. Por exemplo: Para que perder tempo refutando a teologia da libertação, se você pode fazer o seu representante perder o embalo de defendê-la? Quando uma teoria não tem substância cognitiva própria, quando ela é apenas uma camuflagem de um jogo de poder, discuti-la em si mesma é entrar no jogo. O que é preciso é quebrar a autoconfiança do jogador, fazê-lo “pedir para sair”.

212. O óbvio do óbvio: Você pode ser contra gayzismo, feminismo, quotas raciais, controle da mídia, o diabo. Lutar contra idéias e propostas só tem valor simbólico. O que interessa é QUEBRAR O PODER DOS AGENTES. Quando vão entender isso, meu saco?

213. Meus filhos Gugu e Tales eram dois meninos iguaís, só que um moreninho, o outro loirinho. Faziam tudo juntos e às vezes eu tinha a impressão de que eram um menino só em duas cópias. Um dia vi o Tales brincando no jardim na hora de um desenho animado que eles costumavam assistir juntos na TV. — Você não vai assistir? — Não precisa. O Gugu está assistindo para mim.

214. A filhinha de uma amiga minha entrou esbaforida: –Mãe, você precisa ver as coisas que aconteceu! A mãe cobrou-lhe a correção gramatiical: — AS coisaS que aconteCEU? A menina corrigiu-se: — Não. As coisas que aconteCEUS.

215. O que me levou a confessar meu fracasso não foi tanto o atraso dos alunos do ponto de vista intelectual, mas sua indiferença pelo progresso da autoconsciência moral que deve acompanhar o avanço nos estudos. Hoje vejo sinais claríssimos de melhora nesse item.

216. Tanto no tempo em que confessei ser o maior fracasso pedagógico da América Latina, quanto agora, quando já não posso mais dizer isso, o padrão de medida com que me julguei e me julgo é o mesmo: o professor não se mede pelo que ensina, mas pelo que os alunos aprendem. Não pelas intenções nem pelos esforços, mas pelos resultados. Agora eles estão realmente aparecendo. Mas não contem para ninguém, OK? Fica entre nós por enquanto.

217. O que me deixa mais feliz no livro organizado pelo Felipe Moura Brasil é que seu sucesso se deve inteiramente ao boca-a-boca (ou teclado-a-teclado), ao amor que os leitores sentiram pela obra, sem nenhum suporte publicitário, nenhuma proteção oficial ou patrocínio privado, nenhum beija-mão nos ministérios ou nas redações, nenhum tráfico de influência, nada, absolutamente nada que pudesse envergonhar o autor e fazê-lo lamentar em segredo o que o alegra em público. Muito, muito obrigado ao organizador e aos editores por um trabalho que foi bom nas intenções, bom nos meios, bom na execução e bom no resultado, que é como Sto. Tomás definia a ação correta.

218. Poucas recordações conservo da minha primeira infância. Os dias corriam iguais e não diferiam muito das noites, que a dor, a febre e um cansaço sem fim preenchiam quase sem deixar intervalos. Mas lembro com nitidez um sonho recorrente que resumia a situação toda. Soterrado por uma avalanche, eu estava intacto, mas espremido, imobilizado entre duas pedras enormes, como uma fatia de rosbife entre duas de pão. Não havia espaço para encher o peito; eu tinha de dosar a respiração. Um tênue fio de luz, a uma distância considerável, dava-me a esperança de poder sair dali, desde que conseguisse me mover milímetro a milímetro, controlando o esforço para que meus pulmões não estufassem e me entalassem ainda mais. Eu fazia um cálculo mental e tinha a certeza de alcançar a saída, desde que abdicasse por completo de toda pressa, de toda ansiedade. Décadas depois li a frase de Goethe, “É urgente ter paciência”, e entendi que ela resumia a história dos meus primeiros anos neste mundo.

219. No Brasil as pessoas dão muita importância à formação profissional especializada e acham que podem absorvê-la sem antes ter um domínio suficiente da linguagem. Isso cria monstros. Se vocês soubessem a importância que nos EUA — nominalmente o país da técnica — as escolas secundárias dão às habilidades literárias e oratórias (muito mais do que a matemática e ciências), entenderiam que o Brasil não imita os americanos, mas uma caricatura deles que ele próprio inventou. Nos EUA quem não sabe se explcar NÃO CHEGA ao ensino superior. Simplesmente não chega.

220. A caricaturação é literariamente viável somente quando está embutida no próprio discurso do adversário como CONSEQÜÊNCIA LÓGICA INCONTORNÁVEL do que ele diz, não como mera possibilidade analógica na mente do leitor. Isto é BÁSICO, mas no Brasil de hoje parece ter-se tornado um segredo esotérico inalcançavel para a quase totalidade da população diplomada.

221. Não posso discutir com um PALHAÇO que, lendo meu artigo “Monopólio e choradeira”, conclui que estou atribuindo intenções comunistas até aos presidentes militares. Caricaturações podem ser engraçadas, mas não quando são pueris, feitas na base do puro exagero forçado. Quem quer que se permita isso está FORA da vida intelectual e não tem condições de debater o que quer que seja. 222. E, se quer mesmo discutir, levante a questão com base em algum ESCRITO meu, citado corretamente e interpretado sem ampliações caricaturantes. Sei que pedir isso a universitários brasileiros chega a ser cruel, de tal modo a compreensão de textos está acima das suas possibilidades, mas, lamento, sem isso não há debate possível.

223. Se você quer discutir comigo, comece por escolher um tópico que não seja a minha pessoa. Não posso convidar alguém para um debate em torno da questão “Você é ou não um filho da puta?”

224. É inútil tentar convencer quem acha que já sabe. Sem a humilhação preliminar que quebra a autoconfiança postiça e cria o desejo de saber, nada é possível.

225. Minha netinha Tetê, três anos, estava zanzando pelo meu escritório e eu lhe pedi: — Por favor, bonequinha, chame sua mãe para mim. Ela foi até a porta e gritou: — Sua mãããeeeee!

226. Nei Dinei : Para compreender um filósofo, você tem de absorver a “forma mentis” dele e torná-la sua, como um subpersonagem dentro da sua personalidade total. Depois você administra esse subpersonagem e decide qual o lugar, maior ou menor, mais honroso ou mais desprezível, que ele deve ocupar no conjunto. É SÓ ASSIM que você pode discutir com ele seriamente. O resto é só discordância epidérmica, puramente emocional, sem alcance intelectual nenhum.

227. “Em geral concordo com tudo quanto leio.” (Leibniz, decerto um bocó devoto.)

228. Sempre li os filósofos para concordar com eles, só não o fazendo quando o próprio encaminhamento das suas razões não o permitia, e ainda nestes casos argumentava interiormente em favor deles até esgotar essa possibilidade e esbarrar no impossível. No entender dos cretinos de plantão, isso é “culto religioso”.

229. Sobre José Dirceu: A direita se desarmou ideologicamente primeiro, e depois tentou se salvar na base do “combate à corrupção”, que é ideologicamente neutro e inodoro. Mas, se você aceita que um oficial (creio que coronel) da DGI, o serviço secreto cubano, seja deputado, ministro e presidente de partido, não consegue se livrar dele depois alegando motivos secundários. Ë como querer salvar as pregas depois que a piroca já entrou.

230. O professor universitário amigo do Ferdinando Costa ficou chocado ao entender que eu dissera que a Folha, o Globo e o Estadão são “jornais comunistas” e achou que poderia derrubar essa afirmação com duas cuspidas. A imbecilidade acadêmica é especialista em dar a tudo o que lê um sentido imbecil, rebaixando ao seu próprio nível a discussão e cantando vitória sobre um adversário imaginário. Mas o que o homem entendeu é O CONTRÁRIO do que eu disse. Se fossem “jornais comunistas” não poderiam jamais servir de veículos de desinformação. Um jornal ser DOMINADO POR COMUNISTAS não o transforma em “jornal comunista”, e sim num meio de realizar aquilo que Lênin assim formulava: “Construir o comunismo por mãos não-comunistas”. No artigo mesmo que o homem desentendeu, expliquei claramente que só jornais não comunistas, confiáveis desde o ponto de vista da “burguesia” (ou do que os comunistas imaginam que seja a burguesia), podem ser veículos de desinformação. Os comunistas e pró-comunistas que dirigem esses jornais (e canais de TV) seriam uns loucos se os transformassem em órgãos de pregação comunista, se não tivessem o cuidado de impedir que isso acontecesse. O que eles fazem ali é uma operação muito delicada, um jogo muito sutil de ambigüidades que protege a confiabilidade “burguesa” desses órgãos de modo a poder usá-los como veículos de desinformação, amparados na diferença entre eles e a mídia comunista ostensiva.

231. A hegemonia sobrevive, mas agora com hemorróidas.

232. Fico feliz ao ver que meus alunos, e mesmo alguns leitores avulsos, já apreenderam as estruturas essenciais da mentalidade revolucionária em tudo o que ela tem de feio, ruim, mesquinho, criminoso e até satânico. Entenderam que há nela ao mesmo tempo a incessante mutabilidade camaleônica da mentira que se esconde de si mesma e, por baixo dela, a repetitividade mecânica de um reflexo condicionado, de um automatismo quase inumano. Aprenderam essas coisas a despeito de eu jamais ter conseguido dar ao assunto a exposição ordenada e sistemática que, presumindo das minhas forças, um dia lhes prometi. Hoje conseguem não somente livrar-se das ilusões sorrateiras que essa mentalidade pode ter-lhes infundido (mesmo quando instintivamente a rejeitavam), mas também prever-lhe alguns dos movimentos, preparando-se para não deixar-se enganar por “novas mentiras em lugar das velhas”, sobretudo a mentira de trocar uma revolução por outra de signo aparentemente inverso. Aprenderam até que, nesse fenômeno, não se trata de “idéias” ou de “ideais”, mas de uma autoconsciência viciada, disforme, que não se renderá jamais a argumentos ou fatos, mas que pode ceder ante a experiência do desmascaramento psicológico, da retirada dos véus do fingimento autolisonjeiro. É claro que saber essas coisas é só o começo de um adestramento para a vida intelectual, mas esse começo é difícil, e muitos já o transpuseram em tempo relativamente curto, prenunciando um avanço mais rápido nas etapas seguintes. Um dia, vinte anos atrás, vendo a esterilidade dos meus esforços, eu disse à minha mulher: “Sou o maior fracasso pedagógico da América Latina.” Já não posso dizer o mesmo. As coisas estão funcionando.

233. Poucos seres existem neste mundo mais desprezíveis e abjetos do que um revolucionário desarmamentista, isto é, hoje em dia praticamente todos eles. Se você concede a si mesmo o direito de pegar em armas para derrubar um “governo injusto” e instaurar em lugar dele um “governo justo”, uma situação portanto na qual a a eficácia da ação armada — a relação de causa e efeito entre ela e o advento da justiça almejada — é remota, hipotética, de longo prazo e, no mínimo, questionável, com que autoridade nega a um pai de família o direito de proteger seus entes queridos, de armas em punho, contra um assaltante, um assassino ou um estuprador, circunstância na qual aquela relação é direta, imediata, e os resultados objetivamente verificáveis sem qualquer demora ou ambigüidade?

234. Não há nada de tão estúpido nos dias de hoje que não tenha algum precedente histórico. A Marcha das Vadias e essa baderna gay no Parlamento contra o Marco Feliciano não são exceções. Escandalizar pela obscenidade para solapar a autoridade religiosa foi uma tática usada pelos revolucionários hussitas e taboritas no século XV, com uma prostituta pelada sendo levada de igreja em igreja e colocada nos altares. Assim começaram uma revolução que culminaria no massacre de todas as autoridades municipais em Praga. Os crentes ficaram tão escandalizados que não souberam reagir em tempo. Como dizia uma velha canção americana, “Oh when will they ever learn?”

235. Jules Michelet, o grande historiador (e apologista) da Revolução Francesa, analisou o caráter de René Descartes com base no retrato dele por Franz Hals, sem notar que o pintor jamais vira o filósofo. E não cometeu esse erro em declaração feita às pressas num progrma de rádio, sim num livro de História. Ninguém, abslutamente ninguém no mundo pensou ejm “desbancar Michelet” por isso. Já se ele fosse brasileiro…

236. O maior elogio que já recebi na vida foi quando dei trinta reais a um mendigo negão no Rio de Janeiro. Ele olhou as notas com ar incrédulo e me chamou de CB: Çangue Bão. Vale por um Prêmio Nobel.

237. “Desconstrução” não é analisar um texto para chegar a apreender sua unidade num nível mais profundo e diferenciado. É exatamente o contrário: é separar num texto as várias unidades de significado, dar a cada uma delas isoladamente uma acepção nova ou inversa, e depois montar o conjunto de modo a fazê-lo dizer o que não disse. Em muitas universidades brasileiras essa é o ÜNICO treinamento de leitura que os estudantes recebem, e eles saem de lá acreditando que esse é o modo normal, humano e obrigatório de compreender. Por incrível que pareça, depois disso ainda têm a cara de pau de falar em “argumentos” e “provas”.

238. A Casa Real sempre custou muito menos ao Brasil do que a côrte imperial luliana. Se é questão de economia de gastos públicos, a volta da monarquia seria um ganho formidável para o país.

239. O número diário de sujeitos que puxam discussão comigo sobe às centenas e já basta para provar que nenhum deles tem a mais mínima idéia das exigências do trabalho intelectual. Ou então cada um se faz de idiota, fingindo não perceber que, somado aos outros, está me exigindo o impossível só para depois me acusar de “fugir do debate”. Significativamente, cada um, na escola que freqüenta, poupa de desafios similares os amados professores de cuja aprovação necessita para passar de ano e fazer carreira. É a inocência perversa na sua expressão mais nítida e eloqüente — talvez o traço mais geral e típico do universitário brasileiro hoje em dia.

240. No artiguinho do sr. Giron, o detalhe mais porco é o ponto em que ele diz que tivemos uma “polêmica” em 1998 quando ele denunciou que eu havia traduzido do espanhol e não do alemão a Erística de Schopenhauer. Na introdução do livro advirto que, não sabendo alemão o suficiente para traduzir um clássiso, tomei como base a tradução espanhola e ainda me socorri da ajuda da minha professora de alemão, que fez a tradução praticamente inteira. O sr. Giron tomou esse fato banal e o maquiou para dar-lhe ares de denúncia. Por que ele fez isso? Porque eu havia reduzido a pó a sua crítica ao livro “Os Males da Ausência”, de Maria José de Queiroz, uma das maiores escritoras brasileiras, da qual ele falava com aquele ar de superioridade autoglorificante, puramente masturbatória, que nele já se tornou uma compulsão irresistível, compensação neurótica de um justificado complexo de inferioridade.

241. “Criação de direitos” é uma estratégia revolucionária destinada a diluir a democracia pelo método do “salto qualitativo”, bem conhecido dos marxistas, em que a acumulação de um fator, ultrapassado certo limite, o transmuta no seu contrário. Ou essa dona não sabe disso, ou sabe e está com treta.

242. No último parágrafo do seu grande livro “Os donos do poder” (primeira edição, que ele estragou na segunda), Raymundo Faoro dizia que as forças vivas do Brasil são esmagadas sob o peso do “estamento burocrático”. É uma coisa tremendamente verdadeira. Pena que quem escreveu essas palavras acabasse ajudando a PuTada a carregar ainda mais no peso.

243. O problema do Brasil é que ele mata você aos poucos, anestesicamente, quase docemente, e a mídia ainda capricha no soporífero para alimentar sonhos insensatos e manter você numa fila eterna, à espera do impossível. Até os anos 80, a expectativa de melhores dias ainda fazia sentido. Hoje só há três hipóteses: juntar forças e criar no muque uma pequena área saudável contra tudo e contra todos, sair daí correndo ou aceitar ir morrendo devagarinho.

244. Por volta de 2004 inventei um plano : juntar uns dois mil brasileiros altamente capacitados em diversas ‘areas de atividade e pedir ao governo americano um visto coletivo de permanência. Seria um caso inédito na história da imigração. Além de tirar muita gente do purgatorio nacional, seria um ato político da maior relevância, mostrando ao mundo a verdadeira situação brasileira e colocando-nos na posição de fazer pelo país, desde fora, o que aí dentro é impossível fazer. Não consegui voluntários: todo mundo achava que a coisa iria melhorar no dia seguinte, que eu era muito pessimista, etc. etc. etc. Por essas coisas é que sofro de “complexo de Cassandra”: a pitonisa grega teve um problema qualquer com Zeus (provavelmente ele queria comê-la e ela não aceitou) e foi condenada a dizer sempre a verdade sem ninguém acreditar.

245. Vladimir Putin parece que descobriu a fórmula do sucesso : a esquerda internacional o aplaude porque é anti-americano, a direita porque vê nele a esperança de um renascimento espiritual do mundo. Ele me parece muito mais inteligente do que seu mestre Duguin. O simples fato de falar mais como um nacionalista russo de velho estilo do que como um “eurasiano” poupa a ele muitos inconvenientes. Só falta agora ele alisar um pouco mais diretamente as cabeças dos conservadores americanos para se tornar mesmo o queridinho do planeta. Aonde isso vai dar, ninguém sabe.

246. É mais curioso ainda que, neste país, só pareça haver três categorias nas quais você pode enquadrar um autor: ou você desce o cacete no desgraçado, ou o louva com ares de condescendência paternal, ou, se não faz nenhuma dessas duas coisas, é acusado de cultuá-lo como santo e infalível. A hipótese da simples superioridade humana não existe. “Infalibilidade” não é um conceito de crítica literária, é uma noção teológica. Ninguém jamais atribuiu infalibilidade a Shakespeare, Homero ou Platão. No Brasil, você será acusado disso se não ciscar picuinhas na obra deles nem os elogiar no tom de um chefe de banca que aprova um mestrando.

247. Dona Marilena Chauí é badalada como “a maior filósofa do Brasil”, mas, se é tão grande, onde estão os trabalhos universitários sobre a filosofia dela, as resenhas em revistas acadêmicas, os congressos filosóficos para a discussão das suas idéias? Mostrem-me um só artigo em revista de cultura que exponha “a filosofia de Marilena Chauí” ou parte dela. Nada. Nem no currículo Lattes dela se vê nada disso, absolutamente nada. Em compensação, é ilimitada a badalação na mídia popular e nos congressos do PT. É uma filósofa sem filosofia nem comentários à sua filosofia, só oba-oba em torno da sua pessoa e da sua militância. A filósofa tem milhares de admiradores que não se interessam no mais mínimo que seja em conhecer-lhe a filosofia, se alguma existe, mas exigem a presença dela em congressos partidários e programas de TV. Mesmo o verbete a seu respeito na Wikipedia, bastante laudatório, só fala da sua carreira profissional e da sua participação política. Não menciona nem de longe uma só idéia ou teoria. Esse também é um fenômeno que só poderia acontecer no Brasil.

248. João Fernandes : Quanto mais insignificante e mais incapaz é um sujeito, mais dificuldade tem em admirar e louvar sem afetação de condescendência. A avareza no louvor é sinal de pequenez mental às vezes quase criminosa. Veja no meu website se os maiores escritores do Brasil, um Jorge Amado, um Herberto Sales, um Josué Montello e tantos outros se sentiram envergonhadinhos de me elogiar às vezes até mais do que eu merecia.

249. É consternador observar que, de tudo o que escrevi e ensinei, nada suscitou mais discussão do que uma noticinha sobre a Pepsi-Cola resumida de passagem num programa de rádio. Só nesse favelão mental chamado Brasil pode acontecer uma coisa dessas, Não consigo explicar esse fenômeno aos americanos. Eles simplesmente não entendem ou acham que é gozação minha.

250. As obras históricas de Voltaire ou de Walter Scott têm praticamente um erro a cada página, e nem por isso os leitores que as apreciam sem sentir-se obrigados a apontar esses erros cada vez que falam dos autores são chamados de fanáticos ou baba-ovos. A obrigação de ciscar defeitinhos para não cair no pecado de “idolatria” é uma compulsão doente que só pode existir numa subcultura do Terceiro Mundo.

251. Neste país muitas pessoas só são capazes de elogiar no tom condescendente de um chefe de banca que aprova um mestrando. Reconhecem qualidades, mas não superioridade. Louvam de modo a louvar-se implicitamente muito mais. Imaginem o quanto seria ridiculo eu fazer isso com o Mário Ferreira dos Santos, embora a distância que me separa dele seja bem menor do que a que existe entre meus apreciadores condescendentes e eu.

252. O tom de autoridade na fala das feministas enragées baseia-se inteiramente na proteção que elas recebem do Estado por meio de uma multidão de homens : legisladores, juízes, policiais, oficiais de justiça, etc. etc. Esse aparato produz uma ilusão de força, mas um dos ardis mais perversos do Estado moderno é fingir que todas as situações que o advento dele criou são naturais e permanentes, e que, ao contrário, os dados naturais e permanentes da experiência humana, como por exemplo a fragilidade feminina, são “criações culturais”. É, de fato, o “mundo às avessas”.

253. Por que, no Brasil, as pessoas não falam com a sua própria voz? Por que tanta gente vem com fala empostada, fingindo ser o que não é? Que desgraça, meu Deus!

254. Quando George W. Bush assinou o “Patriot Act”, a mídia universal inteira gritou que era uma intrusão indevida do Estado na vida dos cidadãos, a instauração de um Estado policial. O sr. Barack Hussein Obama arrogou-se poderes infinitamente maiores que os do “Patriot Act” (inclusive o de mandar prender ou matar sem processo qualquer cidadão americano), espionou mil vezes mais que o governo Bush e, pior, deu à espionagem um teor nítido de perseguição ideológica e partidária seletiva. Em contraste, na época do “Patriot Act” a fúria da mídia voltava-se diretamente contra a pessoa de George W. Bush, pintando-o como o protótipo do homem mau, ao passo que hoje o acusado são “os Estados Unidos”, genericamente, evitando-se arranhar no mais mínimo que seja a reputação do sr. Obama. Também não me lembro de alguém na mídia nacional ter reclamado nem mesmo um pouquinho quando a KGB instalou um grampo diretamente NO GABINETE DA PRESIDÊNCIA, na gestão Figueiredo, episódio narrado no livro “KGB: Começo e Fim” do autor ucraniano-brasileiro George Schpatoff.

255. Já passou o tempo em que era possível ter “divergências de idéias” com a esquerda. Divergência de idéias supõe o domínio comum dos fatos em questão e uma certa paridade de nível intelectual. Essas duas condições foram suprimidas pela política de “ocupação de espaços”, em que a posse de uma carteirinha do partido, serviços prestados ao governo de Cuba ou um estágio na Rádio Pequim sobrepujam todas as demais considerações na escolha dos “maiores intelectuais”. O próprio Partido Comunista, até os anos 60 do século XX, só exercia esse tipo de seletividade com discrição e comedimento, pois sabia que sua respeitabilidade dependia do confronto com adversários capazes. A ascensão do petismo suprimiu esses escrúpulos, implantando a interproteção mafiosa como critério único e supremo do prestígio intelectual, e banindo com tanto mais fúria os adversários quanto mais temíveis eles lhe parecessem por suas qualificações intelectuais. A única discussão ou crítica que posso esperar da esquerda, hoje, vem na forma de intrigas, mentiras e insultos pueris, sempre acompanhados, é claro, da afirmação peremptória de que quem só insulta e jamais argumenta sou eu. Afirmação que deriva toda a sua credibilidade do fato de que vem reforçada pela autorização de julgar sem ler. A esquerda nacional é hoje um bando de criminosos da mais baixa especiais.